Apenas entre
janeiro e maio de 2018, foram 47 transplantes
renais realizados no Hospital Universitário Walter Cantídio. (Foto: Nah Jereissati) |
Um
caso inusitado chamou a atenção da equipe médica do Hospital Universitário
Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará (UFC), no último mês.
Dois irmãos receberam, no mesmo dia, transplantes de rins do mesmo doador.
Raimundo,
de 57 anos, e Antonio Rodrigues de Abreu, de 51, naturais de Manaus, no
Amazonas, sofriam de nefropatia
diabética, uma doença renal progressiva. Eles vieram para
Fortaleza a cerca de um ano em busca de oportunidades de realizar o
transplante, sabendo que o hospital universitário é um centro de referência na
área.
O
caso de compatibilidade dos irmãos com um único doador é muito raro, segundo a
Dra. Paula Fernandes, chefe da Unidade do Sistema Urinário do HUWC. A seleção
dos pacientes para o transplante respeita uma lista de espera e segue critérios
de compatibilidade. Um deles é o antígeno leucocitário humano (HLA). A chance
de dois irmãos terem o HLA idêntico é
de 25%, e esse foi o caso dos dois, que também eram compatíveis
com o doador.
Raimundo
já se preparava para receber o transplante há cinco anos, e Antonio, há
quatro. Na madrugada do último dia 23 de maio, Raimundo recebeu uma ligação
do hospital comunicando que um doador
compatível havia aparecido e que ele era o próximo na fila
de espera. Algumas horas depois, o irmão, Antonio, recebeu ligação semelhante.
“Eu conheço pessoas que foram chamadas 24 vezes e não estavam preparadas. Não
fiquei muito confiante. A ficha não caiu. Não acreditei”, disse o
transplantado.
Os
dois fizeram os exames necessários e tiveram os transplantes autorizados.
Antonio foi o primeiro a entrar na sala de cirurgia. Horas depois foi a vez de
Raimundo. As operações foram realizadas
com sucesso e os irmãos passaram a maior parte do
período de recuperação juntos num quarto. “Depois que eu acordei da cirurgia,
senti aquela felicidade, aquela alegria, aquela vontade de chorar. Parecia que
eu tinha ganhado na loteria”, afirma Antonio.
Os
irmãos agora têm planos de voltar a Manaus para reencontrar o restante da família,
quando estiverem completamente recuperados e receberem a autorização para isso.
“Eu só faço o que o médico manda”, diz Raimundo. Os irmãos também têm planos de
viajar pelo Brasil e para o exterior.
Doação
Segundo
a Dra. Paula Fernandes, a população do Ceará é bastante sensibilizada em
relação à doação. A taxa de doação dos pacientes que estão em morte cerebral no
HUWC é de acima
de 70%. E a taxa de sobrevida no primeiro ano após o
transplante é de acima de
95%. “Todos os dias temos avanços na medicina na área, e
estamos sempre tentando capacitar profissionais e melhorar a nossa estrutura”,
afirma.
De
acordo com a médica já foram realizados 1.556 transplantes renais no HUWC. Apenas
entre janeiro e maio de 2018, foram 47
procedimentos. O paciente mais antigo tem 40 anos de
transplante.
De
acordo com levantamento da Central
de Transplantes do Estado, em 2018 (até 8 de junho), o Ceará já
contabiliza 565 transplantes
realizados, sendo 327 de córnea, 111 de fígado, 104 de rim, 43
de medula óssea, 13 de coração e dois de pulmão. Fonte: Diário do Nordeste
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