O aposentado e
mergulhador recreativo Luciano Marconi, 56, se perdeu do barco de apoio durante
uma prática de apneia no mar de Fortaleza, e nadou por cerca de 13 horas
ininterruptas para se salvar. Ele mergulhava com um amigo quando os dois foram
surpreendidos por uma tempestade, na segunda-feira (18). Marconi usou como
referência para voltar à terra firme serras e luzes da cidade.
Italiano radicado em
Fortaleza, Marconi pratica apneia há 30 anos, modalidade em que o mergulhador
desce a grandes profundidades sem utilizar cilindros de ar. Ele e o amigo
estavam há cerca de 25 km da costa, de frente para a Barra do Ceará, quando o
outro mergulhador notou que se aproximava uma tempestade, e voltou ao barco
para observar o tempo.
Os dois utilizavam um
cabo-guia, equipamento que fica entre a superfície e o fundo do mar e ajuda a
orientar os mergulhadores.
Por volta de 13h30,
Marconi diz que ficou a mais ou menos 50 metros do cabo, deu um mergulho e,
quando subiu, viu chuva, vento e neblina, e não avistou mais o barco. Ele
acredita que foi arrastado pela correnteza.
O homem ficou à deriva
enquanto chovia e conta que esperou o amigo aparecer por cerca de 40 minutos.
Posteriormente, o amigo relatou que mergulhou à procura do italiano, temendo
que algo grave tivesse ocorrido no fundo do mar.
'Esperança'
Para se orientar,
Marconi relata que olhou para a costa e avistou uma serra. “Pensei: não sei
aonde vou chegar, mas não posso ficar à deriva. Olhei pro lado da terra e dava
pra ver a serra, peguei a direção dela e comecei a nadar pra lá”, conta. Para
economizar energia, ia se deixando arrastar pela correnteza e, de tempos em
tempos, olhava para a serra para ajustar a direção.
“Ficou de noite,
começaram a acender as luzes da cidade e peguei como referência.”
Depois de horas
nadando, o mergulhador diz que avistou a plataforma da Petrobras e percebeu que
estava se aproximando do Porto do Pecém.
“Aí minha esperança
aumentou, comecei a nadar ligeiro e consegui chegar no paredão de pedras. Mas
minha mente tava meio fraca, pensava que o porto já tinha passado, tentei subir
nas pedras, mas o mar tava muito violento e não dava certo”, relembra.
O mergulhador se deu
conta de que tinha chegado ao Porto ao encontrar um pescador, que lhe ofereceu
ajuda. Após ser resgatado na jangada do pescador, recebeu os primeiros socorros
no Porto.
“Eu imaginava minha
família e os amigos. Porque a primeira coisa que a pessoa ia pensar é que eu
tinha morrido”, comenta.
Marconi chegou ao
Porto do Pecém por volta na madrugada de terça-feira (19), por volta das 3h.
Além de cansaço extremo, estava desidratado e com ferimentos nos pés. Foi
atendido, recebeu água e comida, e passa bem.
"Queria passar
pra outras pessoas que gostam do mar que nunca se esqueçam da segurança em um
lugar abençoado por Deus", alerta o
mergulhador. Fonte: G1 CE
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