As
esculturas passaram a dar mais charme ao local.
A ideia inicial de moldar os
animais em tamanho real era para
embelezar a propriedade (FOTO: WANDENBERG
BELÉM)
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Cedro. Na zona rural deste município da região
Centro-Sul do Ceará, um artista plástico faz esculturas de animais com
estruturas de ferro e cimento. As obras têm bom acabamento e vêm surpreendendo
os moradores. Autodidata, o jovem Rogério Paz descobriu o gosto pelas artes
ainda na infância. Aos cinco anos de idade passou a fazer os primeiros
desenhos, que hoje evoluíram para as estruturas armadas. O sonho do artesão é
criar um parque temático com suas obras no meio da vegetação nativa, no próprio
lugar onde mora.
Rogério Paz vive em
uma aconchegante casa, no sítio Mosquito, com os pais e uma irmã. Parte de seus
trabalhos está espalhada no terreiro da casa. O filhote de veado campeiro, a
marreca posta na janela, uma garça entre as plantas no jardim e uma onça
pintada, que parece até real, graças a riqueza de detalhes e expressão obtida
na pintura, são alguns exemplares.
As esculturas passaram
a dar mais charme ao local. A ideia inicial do artista em moldar os animais em
tamanho real era apenas para embelezar a propriedade. "Quando papai
reformou a frente da casa, mamãe ajeitou o jardim e aproveitei para dar uns
toques de paisagismo", contou. "Tudo ficou tomado por plantas e
árvores nativas". Após a intervenção no jardim, o artesão teve a ideia de
fazer o exemplar da onça. Na frente da estrutura, colocou um tacho de cimento
com água. É uma pequena fonte, que serve de bebedouro para os pássaros.
"Pesquisei meios de aperfeiçoar a técnica de construção das esculturas,
mas perdi muito ferro e cimento", explicou. "Já fiz veados, águias,
marrecas, garças e agora estou criando uma pantera".
O artista faz peças
por encomenda e também vende exemplares em estoque. "Com o dinheiro,
compro a matéria prima - cimento, areia e ferro, que são caros", pontuou
Rogério Paz. "Estou animado já que as pessoas estão gostando".
Antes de criar a peça,
Rogério Paz pesquisa em livros e na internet o tamanho, peso, características
físicas e expressões dos animais que deseja criar. "Faço isso para ter uma
noção bem real", frisou. "Em média levo cinco dias para terminar uma
estrutura, mas pode demorar mais por causa da pintura".
O próximo desafio do
artista é confeccionar uma girafa no tamanho natural. A casa do artista se
situa em um ponto bastante elevado em comparação com a rodovia Padre Cícero,
que fica ao lado. "Quem passar na estrada vai avistar de longe",
prevê. "As pessoas devem ficar curiosas, admiradas".
Por falta de recursos
financeiros para comprar equipamentos, Paz faz as dobras das vigas de ferro de
forma manual, com apoio dos pés, sentado no chão. Com a massa de cimento
preparada, o artesão molda com delicadeza e precisão a peça.
A arte e a
criatividade fazem parte da vida do jovem. "O meu objetivo é mexer com o
imaginário das pessoas", revelou. Depois que o sítio passou a receber
visitas de pessoas interessadas em conhecer o trabalho dele, o sonho do artista
plástico é transformar o espaço em um parque com trilha ecológica e uma
exposição permanente, com esculturas de animais em tamanho real. A ideia é
fomentar o turismo rural.
Trilha
ecológica
O entorno da casa
dispõe de uma boa área que está ociosa. "Já conversei com meus pais e eles
apoiam a minha ideia", disse. "Penso em criar uma trilha ecológica,
colocar animais no percurso, criar um pequeno lago artificial, área de camping
para as pessoas terem mais contato com a natureza".
O artista quer
divulgar e vender as peças. "Quem sabe, no futuro, pode ter uma lanchonete
e outras atividades, porque estamos às margens da Rodovia Padre Cicero, perto
de Cedro e próximo também da região do Cariri", ponderou. O artista tem o
projeto, mas faltam recursos financeiros para tocar as obras necessárias. Paz
imagina uma parceria com uma empresa de cimento. "O meu desejo é realizar
o meu sonho".
Encomenda
As esculturas são
feitas por encomenda. O valor de cada obra varia de acordo com o tamanho,
quantidade de material utilizado e tempo para ser feita.
A mãe do artista,
Cícera Paz, confirma que o interesse do filho pela arte foi despertado aos
cinco anos de idade, quando começou a frequentar a escola. "Antes mesmo de
estudar, ele só queria caderno e lápis para desenhar e a gente sempre
apoiou", rememorou. "Lembro que uma vez, já rapaz, foi à cidade com
um dinheirinho para comprar umas tintas e uma tela, mas voltou triste porque o
dinheiro não deu".
Rogério Paz não se
conformou e pediu duas galinhas à mãe, que vendeu e conseguiu comprar seus
primeiros materiais. O artista aprendeu a fazer as telas, o cavalete,
estruturas e, com o dinheiro da venda das peças, adquire a matéria prima.
"Ele sempre foi muito dedicado no que faz e é uma pessoa humilde",
disse a mãe orgulhosa do reconhecimento que o filho vem tendo pela arte de
confeccionar estruturas de cimento retratando animais.
A casa da família
tornou-se um espaço mais cheio de vida, cores e arte. Em cada espaço há traços
dos trabalhos de Rogério Paz: pinturas em telhas, mesas de cimento e vasos de
flores. As pinturas em telas retratam paisagens do sertão e animais, que são a
grande inspiração do jovem artista desta cidade. Fonte: Diário do Nordeste
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