Embora o país tenha
superado, ao menos tecnicamente, a recessão econômica, as consequências da
crise ainda se mostram presentes em diversos aspectos do dia a dia da
população. Um estudo realizado em todas as capitais pelo Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
mostra que passou de 57% para 64% o percentual de consumidores que recorreram a
alguma forma de trabalho
extra ou bicos para
complementar a renda no primeiro semestre deste ano. Nas classes C, D e E, a
proporção salta para 70% dos entrevistados.
Segundo o
levantamento, em cada dez consumidores, cinco (51%) acreditam que as condições
gerais da economia pioraram ao longo deste ano na comparação com o mesmo período
do ano passado – o que configura um aumento de 12 pontos percentuais em relação
à pesquisa de 2017. Quando avaliam a própria condição financeira, 44% garantem que também houve
piora em relação ao último ano, um aumento de oito pontos percentuais. Outros
34% falam em condições financeiras iguais, ao passo que apenas 19% pensam que a
situação está melhor que antes.
“A recuperação da
economia ainda é bastante lenta e surte pouco efeito prático na realidade dos
brasileiros. O momento mais crítico da crise ficou para trás, mas isso não
significa que a vida das pessoas tenha melhorado substancialmente. A renda das
famílias segue achatada e o consumo melhora a passos lentos porque o desemprego
segue alto e a confiança abalada”, explica a economista-chefe do SPC Brasil,
Marcela Kawauti.
Para muitos
brasileiros, o primeiro semestre deste ano foi um período marcado por
dificuldades que exigiram sacrifício e capacidade de adaptar a vida financeira. Reflexo do cenário ainda
complicado para as finanças, 83% dos brasileiros tiveram de fazer cortes no
orçamento para driblar as consequências da crise ao longo de 2018.
Entre os que contingenciaram gastos, 61% cortaram ou reduziram
refeições fora de casa – comportamento que apareceu com mais frequência entre
os brasileiros de mais alta renda, com 74% de citações. Outros cortes comuns no
período foram os de roupas, calçados e acessórios (57%), itens que não são de
primeira necessidade em supermercados, como carnes nobres, congelados, iogurtes
e bebidas (55%) e gastos de lazer, como cinema e teatro (53%). Há ainda, 30% de
entrevistados que para conseguir algum dinheiro tiveram de vender algum bem.
De modo geral, 77% dos
brasileiros declaram que ainda não sentem os efeitos da melhora da economia no seu
cotidiano, seja nos preços dos bens e serviços, juros, emprego ou consumo. Fonte: Diário do Nordeste
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