A
saúde financeira do cearense está abaixo da média nacional desde janeiro deste
ano. Em junho, o desempenho ficou 1,9% abaixo da média brasileira. 410 pontos
contra uma pontuação nacional de 418. Os dados são da pesquisa do GuiaBolso,
que mede o Índice da Saúde Financeira (ISF) a partir da análise do fluxo de
caixa, investimento e dívida dos usuários do aplicativo.
No
primeiro trimestre, o indicador do Ceará não acompanhou a tendência do País.
Porém, segundo a pesquisa, os cearenses ficaram três pontos acima da média
nacional na busca pelo pagamento das dívidas mais caras (221 no Ceará e 218 em
todo o País). A leitura é que o cearense ficou acima da média nacional na busca
por eliminar dívidas caras, observa Thiago Alvarez, CEO do GuiaBolso.
"Esse é o primeiro passo e é muito importante. Tal indicador revela uma
preocupação em sair deste tipo de dívida, algo que talvez não tenha sido
sentido tão fortemente em outras regiões do Brasil", avalia o CEO.
Por
outro lado, os cearenses investiram em junho sete pontos a menos que os
brasileiros (65 no Ceará contra 72 no Brasil). Para melhorar no quesito
investimento, é preciso ter um fluxo maior. Thiago explica que o cearense poupa
menos do que o brasileiro médio e, assim, também tem baixo índice de
investimento. "Um passo importante para aumentar os investimentos, além de
aumentar a economia, é buscar mais conhecimento sobre as opções do mercado e
desmistificar o mito de que aplicar é complicado, caro e para poucos",
destaca.
A
saúde financeira do cearense reflete o desaquecimento na economia, fazendo com
que haja menos dinheiro circulando e, consequentemente, menos renda. "O
dinheiro guardado é destinado a pagar contas e a liquidar algumas dívidas. E o
uso contínuo da retirada de reservas para pagar contas não é salutar. Uma hora
vai acabar", analisa Érico Veras Marques, economista e professor da
Universidade Federal do Ceará (UFC), pesquisador da área de finanças pessoais e
comportamentais.
Segundo
o economista, havia a expectativa que 2018 tivesse um crescimento maior, mas a
previsão não está se confirmando. No tocante à região Nordeste, as restrições
financeiras do Governo na área social também impactam na renda das famílias,
afetando a saúde financeira. "O cearense está tendo que se educar da forma
mais difícil que é a falta de renda", pontua Érico Veras.
Educação
financeira desde a infância seria um dos caminhos para romper com o ciclo
cultural que prioriza o consumo ao investimento, avalia o engenheiro Wellington
Andrade, especialista em finanças e consultor de empresas. Segundo ele, o
trabalho começa na escola, formando novas gerações com a cultura de aplicar
patrimônio com visão de médio e longo prazo. "As escolas podem exercer
esse papel importante de fazer a revolução cultural para que as próximas
gerações tenham ferramentas para ensinar aos filhos".
Apreender
essa visão de longo prazo traz mais equilíbrio para lidar com o dinheiro de
forma inteligente, pois a renda pode até ser alta, e ainda assim a pessoa viver
em constante estado de dívida. "Saber investir é tão importante quanto
saber ganhar", pontua Wellington.
Pesquisa
A
pesquisa se baseou na análise dos extratos de conta-corrente de 178.860
usuários do GuiaBolso no Brasil e 3.245 no Ceará, no período de 1º a 30 de
junho de 2018. Fonte: O Povo
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