Segundo o estudo, casos de trabalho análogo à escravidão foram identificados em 71 dos 184 municípios cearenses (Foto: MTE) |
Mais
de 600 trabalhadores em situações análogas à escravidão foram resgatados
em municípios do Ceará nos últimos 11 anos, revela um
levantamento do Ministério do Trabalho, que faz parte do estudo "Trabalho
Escravo no Ceará do Século XXI", apresentado nesta quarta-feira (4)
pelo Governo do Estado. Conforme a pesquisa, entre 2007 e 2017, exatas 667 pessoas foram
flagradas em situações degradantes durante fiscalizações em território
cearense.
Segundo
o estudo, apresentado na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social
(STDS), casos de trabalho análogo à escravidão foram identificados em 71 dos 184 municípios
cearenses, demonstrando que este tipo de exploração atingiu
38,6% do território estadual nos últimos 11 anos. Conforme o sociólogo e
analista de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita,
o problema tem relação direta com a falta de poder econômico de muitas cidades
do Estado.
"A
situação, em grande medida, está associada à realidade da fragilidade econômica
da maioria dos municípios cearenses, cujos mercados de trabalho são menos
estruturados e sofrem com a escassez de postos de trabalho mais protegidos, o
que favorece a própria exploração dos trabalhadores locais", destaca Mesquita.
Conforme
o Ministério do Trabalho, 2008 foi o ano que mais registrou casos de
trabalhadores em situações análogas à escravidão no Ceará, com 169 pessoas
resgatadas. Números consideráveis também foram identificados em 2013 (109
casos) e 2014 (100). O ano de 2011, porém, teve apenas um trabalhador
resgatado, mas o estudo não apontou se isso se deve à baixa fiscalização ou
efetiva melhora da situação no período.
Setores mais vulneráveis
Entre
os setores mais vulneráveis a este tipo de exploração, destaque para a
agropecuária, que lidera esses casos de exploração. Segundo o estudo
apresentado nesta quarta-feira, a pecuária, assim como o ramo de exploração de
carnaúba e cana-de-açúcar, também apresentaram números consideráveis de
casos.
No
que diz respeito ao perfil dos trabalhadores explorados, a maioria absoluta é
de homens (98,2%), principalmente com a idade entre 30 e 49 anos. Sete em cada
dez vítimas da exploração também não tinham sequer o ensino fundamental. Fonte: Diário do Nordeste
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