sábado, 25 de agosto de 2018

Juazeiro cria Pontos de Memória Institucional


A ideia é criar um circuito de exposições que contem a história de Juazeiro do Norte e dos seus equipamentos públicos. No caso do Memorial, pelo vasto material pesquisado, foi possível a publicação em livro (Foto: Antonio Rodrigues)

Juazeiro do Norte. A Fundação Memorial Padre Cícero - que completou 30 anos de inauguração - foi o primeiro de cinco locais contemplados pelo projeto Ponto de Memória Institucional, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult). De uma pesquisa iconográfica, documental e também das lembranças dos moradores do entorno da instituição, resultou na exposição "Sob as bênçãos do Padim" e no livro "Memorial Padre Cícero e outras histórias", lançados no último dia 16.

A ideia é criar um circuito de exposições que contem a história de Juazeiro do Norte e dos equipamentos públicos contemplados. No caso do Memorial, pelo vasto material pesquisado, foi possível a publicação em livro. Os próximos trabalhados serão Teatro Marquise Branca, contando a história do espaço e da personalidade da atriz Marquise Branca; a Estação Ferroviária, com a história da chegada do trem; a Biblioteca Possidônio Bem e o Núcleo de Arte, Educação e Cultura Marcus Jussier.

A coordenadora de Documentação e Memória da Secult, a historiadora Regivânia Rodrigues, explica que o projeto foi idealizado pelo ex-secretário Alemberg Quindins, ao perceber que algumas ações de patrimônio poderiam valorizar a memória dos equipamentos públicos de Juazeiro do Norte. "A ideia era trabalhar a história desses equipamentos e da personalidade homenageada", explica. No entanto, ela percebeu que a maioria destes espaços estava em localizações pontuais da cidade e que era importante trazer informações sobre seu entorno. "O objetivo não é só trazer a questão econômica, política, mas o cotidiano das pessoas. Por exemplo, com a chegada do trem, o que mudou? Como as pessoas se relacionavam com esse episódio?", justifica.

Na pesquisa, Regivânia percebe que, a partir do momento em que a cidade começa a ocupar geograficamente outros espaços, outros contextos sociais e valores são evidenciados. "Juazeiro tem uma formação diversa. É um aglomerado do Nordeste. Tem gente de todo lugar. Cada lugar desse vem no contexto mais amplo de como se deu essa ocupação", explica. Por isso, além da história da edificação, ela acredita que os equipamentos públicos podem mostrar como esta ocupação foi se dando.

"A intenção é desenvolver ações de educação patrimonial. É um gancho não só para o público escolar, mas para as comunidades do entorno, para conhecerem a história daquele espaço, o que existia ali antes de o prédio edificado, quem são aquelas pessoas. Normalmente as personalidades são só um nome, mas quem é aquela pessoa, que evidência ela tomou? Como foi homenageada? Essa educação patrimonial vai gerar identificação nas comunidades do entorno com a história da própria cidade. A partir de cada equipamento, se cria um mosaico onde cada um vai contar um pouco de sua história", explica a historiadora.

Segundo a diretora do Departamento Histórico e Cultural, a arquiteta Lis Cordeiro, responsável institucional pelo projeto, durante o planejamento da Secult, foram elaborados quatro pontos de norteamento para os equipamentos públicos.

Norteamento
O primeiro deles é "restaurar", como deve acontecer com o Teatro Marquise Branca. O segundo é equipar, dando condições para receber o público e suas atividades, com melhor mobília, estrutura de som e imagem. O terceiro é ocupar estes prédios com eventos, grupos de tradição, rodas de leitura. Por fim, normatizar, ou seja, criar diretrizes para a gestão destes lugares.

Após um ano de pesquisas, a primeira exposição foi criada junto com o livro que não estava previsto. "Estamos pensando em uma formação com professores do Município. Daí, começamos a fazer o próximo", explica Lis. Sendo otimista, a Secult espera que até o fim da gestão, em 2020, todas as exposições e publicações estejam prontas.

Memorial
O Memorial Padre Cícero foi o primeiro, não só pela sua importância local, mas pelo fluxo de visitantes do Nordeste, principalmente durante as romarias. Lá, há uma série de objetos que pertenceram ao Padre Cícero e fotografias que narram a história do Município. O equipamento tem uma média anual de 80 mil visitantes, mas, só no ano passado, pelo menos 60 mil passaram pelo museu. "É um equipamento que lida com as pessoas como um local que guarda as relíquias de um santo. É simbólico", garante a historiadora.

A presidente da Fundação Memorial Padre Cícero, Cristina Holanda, acredita que o trabalho foi importante porque percebeu, desde que assumiu a gestão, que a memória do equipamento não estava sistematizada. "Até que chegou tarde. É necessária essa memória sistematizada para avaliar e pensar no futuro", reflete.

Por outro lado, Cristina adverte que é necessário além da exposição e do livro, que a instituição realize ações de educação patrimonial que mobilizem estudantes, pesquisadores, romeiros e turistas. Assim, o Memorial convidará escolas para conhecer a exposição junto com imagens antigas de Juazeiro do Norte, "para que eles se apropriem e comecem a entender a cidade e como se tornou o que é hoje", afirma.

A exposição "Memorial Padre Cícero e outras histórias" está instalada em caráter permanente, apresentando, de forma resumida, o conteúdo disponibilizado no livro. Nela, há imagens dos antigos prédios que ocupavam o local onde hoje fica a Fundação Memorial Padre Cícero. Além disso, há uma breve história do desenvolvimento social da cidade e as relações com aquele espaço. Já o livro "Memorial Padre Cícero e outras histórias" compila informações históricas sobre a criação da instituição e sobre ocupação da área central de Juazeiro. Por fim, faz destaca eventos, personagens e lugares.

Mais informações:
Exposição "Memorial Padre Cícero e Outras Histórias"
Duração: Permanente Local: Fundação Memorial Padre Cícero
Praça do Cinquentenário, S/N - Centro - Juazeiro do Norte
Horário: 8h às 17h (sábado e domingo até 16h45)
Telefone: (88) 3511-4487       Fonte: Diário do Nordeste

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