segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Redução de verbas restringe pesquisas científicas do Ceará


A vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias da UECE, Sandra Salmito, relata que no departamento
há, pelo menos, três pesquisas de grande impacto afetadas pelo
corte de dinheiro (Foto: José Leomar)
Descobrir evidências. Investigar. Testar hipóteses. Analisar resultados. Divulgá-los. Um rol de procedimentos complexos que exigem investimentos de todas as ordens. Do tempo e esforço de pesquisadores a garantia efetiva de recursos financeiros que, no caso do Brasil, provém, sobretudo, dos cofres públicos. Trabalhos desenvolvidos em prol de avanços científicos, de incremento tecnológico e de melhorias sociais, dentre tantos outros ganhos, oriundos da produção de conhecimento. Porém, quem é pesquisador, sabe: a tarefa que sempre foi árdua, nos últimos anos, devido à falta de verbas, tem sido ainda mais exaustiva. No Ceará, a redução dos recursos afeta diretamente à continuação e ampliação de estudos científicos nas universidades.

O cenário de corte de verbas, alertados publicamente pelas agências nacionais de financiamento de pesquisas desenvolvidas nas instituições de ensino superior e nas de tecnologia e inovação repercute no Estado. Pesquisadores de universidades e institutos partilham do temor e do alerta quanto à continuação das análises científicas em curso. As queixas são comuns nas mais diversas áreas, seja saúde, exatas, biológicas, humanas, dentre outras. Na prática, pesquisas estão sendo reduzidas ou sequer chegam a ser iniciadas devido à falta de financiamento.

Concessão de bolsas
Levantamento feito pelo Diário do Nordeste, baseado em dados solicitados às duas principais agências de fomento à pesquisa no Brasil; o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) ligada ao Ministério da Educação; e à uma instituição estadual; Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), demonstram redução na quantidade de bolsas para estudantes de mestrado e doutorado no Ceará, entre os anos de 2015 e 2017.

Os dados revelam que, neste intervalo de tempo, o Ceará perdeu no total 347 bolsas de mestrado e doutorado cursados em instituições públicas e privadas localizadas no Estado.

Dividida por instituição, a perda foi de 183 bolsas da Capes, que em 2015 ofertava 2.382 bolsas e em 2017 passou a disponibilizar 2.199; seguida pela Funcap, que ofertava 1.069 e passou a oferecer 913; e o CNPq que apresentou a menor redução, nesse intervalo e nessa categoria específica, recuando de 649 bolsas em 2015, para 641 no ano passado. Atualmente, as bolsas de mestrado têm um valor estipulado em R$ 1.500, com duração de até 24 meses. As de doutorado são de R$ 2.200, com duração de até 48 meses.

O Diário do Nordeste solicitou dados referentes à oferta de bolsas nesta categoria específica em 2018; no entanto, as três instituições informaram que as informações ainda estão sendo tabuladas, o que, segundo elas, torna inviável a disponibilização das mesmas de modo consolidado. O encolhimento dos recursos disponíveis, demonstrado a partir das bolsas de pós-graduação de mestrado e doutorado evidencia o cenário problemático alertado por representante dos CNPq e da Capes recentemente. Fonte: Diário do Nordeste

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