Em
mais de uma década de eleições presidenciais no Brasil, os candidatos que
venceram no Nordeste foram os que chegaram ao Palácio do Planalto. A região
experimentou importante desenvolvimento nos últimos 14 anos, mas ainda consta
como a mais desigual e enfrenta problemas graves de violência e baixo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). Para a economia, os postulantes têm visões
distintas de como alavancar os noves estados nordestinos.
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Ex-governador
de São Paulo, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) incluiu medidas desenhadas
especialmente para a região. Em 2006, ele teve um dos piores desempenhos nas
urnas no Nordeste. Ele defende que o Ceará e seus vizinhos serão "os
maiores beneficiados" da reforma tributária que promete fazer. O tucano
explica que a tributação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) passará a ser
feita no destino, em vez da origem. O tucano acredita que a região, por ser
populosa, receberá mais recursos pelo novo sistema.
"Vamos
equacionar a questão da água, incentivar a agricultura e estimular a vinda de
empresas, por meio da redução do imposto corporativo. Vamos melhorar a
segurança e o turismo vai crescer", disse em visita ao Ceará no último
sábado, 31. Alckmin também destacou o potencial turístico e de produção de
energia eólica. Ele afirmou ainda que gostaria de instalar um polo de inovação,
como o Porto Digital de Recife, em todas as capitais nordestinas. Também fala
querer concluir a Transposição do rio São Francisco e iniciar revitalização da
bacia.
Único
candidato com fortes raízes no Nordeste, Ciro Gomes (PDT) também defende a
implantação do IVA para beneficiar o Ceará. Garante que, caso eleito, irá
concluir as obras paradas, em especial a Transnordestina e a Transposição. Um
dos principais motes de campanha do pedetista é a renovação do pacto
federativo, com mudança na forma com que os recursos são repassados a estados e
municípios. "Há caminhos dentro do Estado de direito democrático e das
práticas republicanas para que a gente recelebre essa grave questão do pacto
federativo brasileiro em relação à orçamentação", observou.
Natural
do Acre, na região Norte, Marina Silva (Rede) prega que a região deve receber
incentivos para se consolidar como polo de energia limpa. Ela também destacou o
potencial de turismo, ainda pouco explorado. "Há uma grande quantidade de
sol no Nordeste, no Semiárido, uma grande quantidade de vento. E isso pode se
constituir numa base para um novo ciclo de prosperidade, uma nova economia que
não aposta no velho ciclo que está sendo abandonado no mundo inteiro",
disse.
Nenhum
dos candidatos ameaça acabar com o Bolsa Família. A chapa do PT, que deve ser
encabeçada por Fernando Haddad, após impedimento da candidatura do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foca no que chama de distribuição de renda
regional.
A
possível vice de Haddad, Manuela D'Ávila (PCdoB), disse que o Nordeste é
prioridade no programa de governo da aliança PT-Pros-PCdoB-PCO. "Acabar
com as diferenças regionais é prioridade para nós", destacou. Em
entrevista a jornalistas em São Paulo, ela garante que o próximo mandato seria
o de conclusão de obras como a Transposição.
Para
Guilhermes Boulos (Psol), é preciso investimento mais acentuado no Nordeste.
Ele defende a garantia da segurança hídrica da região, com financiamento de
cisternas. "O Nordeste foi a região que mais visitei, mesmo antes do
período de campanha. Tenho ouvido muito as pessoas", afirmou. A equipe do
candidato informou que ele também quer investir em agricultura familiar,
facilitando o microcrédito para pequenos produtores.
De
acordo com a última pesquisa Ibope, a única região que Jair Bolsonaro (PSL) não
lidera, nos cenários sem Lula, é o Nordeste. No entanto, o candidato ainda não
tem agenda marcada para visitas a nenhum dos nove estados.
O
programa de governo também não menciona medidas regionais. O POVO tentou
contato com a equipe do candidato, mas não obteve resposta até o fechamento
desta edição. Os candidatos Henrique Meirelles (MDB) e Álvaro Dias (Podemos)
também não chegaram a adereçar questões específicas sobre a região. O Povo
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