O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, em Crato,
realizou sua 19ª Romaria no último domingo, 23. Com o tema “Camponeses em
defesa da vida e dos direitos”, o padre Vileci Basílio celebrou a missa de
abertura. Pedro Lobo participou das solenidades e afirmou que investirá no
turismo religioso e na preservação histórica do local.
O chapéu de palha, instrumento símbolo do camponês
é também uma marca do romeiro para se proteger do sol. De longe eram avistados
aos milhares na multidão que cedo se formava no Caldeirão, distrito de Dom
Quintino. Pedro Lobo destacou que o local é um dos destinos de vocação de
turismo do Cariri, porém, o acesso necessita ser ampliado.
“O Caldeirão não é apenas um lugar belíssimo, mas,
também, rico em cultura e história do nosso povo. História de resistência
política e social. O início do socialismo. Essa memória precisa ser preservada.
Vou lutar para que seja tornado patrimônio histórico do Ceará e tornar mais
acessível à visitação. Muita gente da própria região não conhece a história do
Caldeirão. É preciso fazê-las terem acesso a esse conhecimento e atrair pessoas
de fora também. Por isso, vou buscar investimentos para urbanização e acesso”,
ponderou.
Segundo o padre Vileci Vidal, que coordena as
atividades no local, o Caldeirão exerceu uma reforma agrária popular. Em uma
década, a agrovila possuía dois açudes, um engenho de rapadura, uma casa de
farinha, armazém, marcenaria, casa de ferreiro, aviamento de couro, barro e
cerâmica, criação de animais, cultivo de frutas e cereais. Após a morte do
padre Cícero, quase mil pessoas foram aniquiladas no primeiro bombardeio aéreo
do Brasil, em 1937.
Durante a missa, padre Vileci ressaltou que o
campesinato não está morto. “A romaria da Santa Cruz do Deserto é um resgate
histórico da espiritualidade vivida pelo povo do Caldeirão sob a liderança do
beato José Lourenço. E nesta romaria, queremos resistir à violência no campo,
nos comprometendo a defender a vida e os direitos dos camponeses”, apontou
padre Vileci.
O Caldeirão foi liderado pelo beato José Lourenço e
ainda guarda valores daquela época, como a luta pelo acesso à terra e às
garantias sociais. Pratica a agricultura orgânica, o armazenamento de sementes
crioulas, o uso alternativo da água e a valorização da agricultura familiar.
Todas essas bandeiras são defendidas por Pedro Lobo, candidato a deputado
estadual.
Ao final, os padres e o movimento de mulheres
fizeram homenagem às vítimas de feminicídio no Ceará e relembraram as mortes
recentes de mulheres em Crato. A mensagem final foi a favor da paz e do
respeito à vida.
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