sábado, 27 de outubro de 2018

AVC é a doença que mais mata e deixa sequelas no Ceará


Assistência a paciente com AVC na Unidade do Hospital Regional
do Sertão Central, em Quixeramobim. (Foto: Alex Pimentel)
A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) revelou que o Estado já registrou 2.291 mortes por Acidente Vascular Cerebral (AVC) no primeiro semestre de 2018 - contando falecimentos após internações e óbitos instantâneos. Com o objetivo de diminuir esse número, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) dá início à Semana Nacional de Combate à doença, nesta sexta-feira (26).

De acordo com dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde, o Ceará é o terceiro do Nordeste em internações e óbitos de hospitalizados por AVC - ficando atrás apenas da Bahia e Pernambuco.

No total, a região contabilizou 27.271 casos de internação. Desse montante, 4.397 pessoas morreram após serem internadas. No caso do Ceará, entre janeiro e julho deste ano, as unidades de saúde cearenses registraram 3.877 internações - das quais 692 resultaram em mortes.

Em comparação com o primeiro semestre do ano passado, o número de internações por AVC apresenta uma redução irrisória, que não chega nem a 1%, quando 3.905 pessoas foram hospitalizadas após sofrer o derrame cerebral. Se comparada a quantidade de mortes pela doença, a queda chega a apenas 2,8% (712). Em 2018, a campanha do Dia Mundial do AVC (29 de outubro), da World Stroke Organization, adota o tema "Reerguendo-se após um AVC", reforçando o tratamento do paciente. No entanto, a prevenção também é um ponto a ser ampliado.

Neste sentido, os cuidados com os fatores de risco (pressão alta, obesidade, sedentarismo etc) precisam ganhar o máximo de atenção. Além disso, as táticas para se reconhecer um AVC também necessitam ser enumeradas. O sorriso, os movimentos e a capacidade de repetição são pontos a serem observados.

O médico João José Carvalho alerta para a existência de dois tipos de AVC: isquêmico e hemorrágico. "O isquêmico é muito mais comum, representa 80% dos casos. E nessa situação, só é possível tratamento se for feito nas primeiras horas. E quanto mais rápido, melhores os resultados" alerta o especialista.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em estudo de 2016, o AVC aparece como a segunda principal causa de morte no mundo - atrás apenas da cardiopatia isquêmica. O médico neurologista João José Carvalho revelou que a estimativa, por ano, é em torno de 14 mil novos casos em todo o Ceará. Além disto, o Estado possui cerca de 130 mil pacientes sequelados, dos quais 40 mil estão "muito sequelados". Em relação aos óbitos, a estimativa é de 4.600 mortes causadas por AVC, todos os anos.

Combate
A informação é uma das principais aliadas. Por isto, o Hospital São Mateus, em parceria com a Rede Brasil AVC, realizam a Campanha Nacional de Combate ao AVC. Uma ação acontece na Praça Martins Dourado, Cocó, na manhã deste sábado (27) para conscientizar a população sobre o assunto. "O AVC é a doença que mais mata no Ceará (e a que mais deixa sequelas). No Brasil é a segunda que mais mata. Apesar disso, a população é pouco informada sobre os fatores de risco", comenta o médico Diego Bandeira, neurologista do Hospital São Mateus.

Dentro da programação do evento, especialistas irão analisar as condições de saúde do público. "A avaliação é feita de duas maneiras. Uma é através de entrevista, perguntando ao paciente quais fatores de risco ele possui. E outra é através de um aplicativo criado pela Organização Mundial de AVC, que calcula o risco que o paciente tem em cinco ou 20 anos", revela Diego.

"O tratamento do AVC é multidisciplinar. Você precisa incluir métodos para prevenir os fatores de risco, fisioterapia, fonoaudiologia quando se tem alterações da linguagem. É preciso disso para se recuperar", destaca o neurologista.

Para o tratamento, o Ceará conta, hoje, com três centros considerados "referências", funcionando em hospitais públicos: o Hospital Geral de Fortaleza (HGF - com 32 leitos), o Hospital Regional do Cariri (HRC - com 28 leitos), e o Hospital Regional do Sertão Central, em Quixeramobim (HRSC - com 24 leitos)", enfatiza o neurologista.

Arsenal
O especialista em Cardiologia Ronaldo Vasconcelos explica que, atualmente, há mais programas de assistência aos pacientes, de prevenção e mais drogas anticoagulantes disponíveis. "Hoje, nós temos um arsenal para combater o AVC muito maior, mas é preciso que as pessoas procurem um médico para se prevenir".

Em relação ao tratamento, o neurologista revela que a operação é feita para abrir o vaso (obstruído). "Para isso, tem duas maneiras: uma medicação, chamada 'trombolítico', que vai tentar desfazer esse trombo e, para casos mais graves, temos uma técnica mais avançada. A gente vai por dentro do vaso, retira o trombo e reabre a artéria". Ele também reforça que o resultado do tratamento depende diretamente da velocidade com que a vítima recebe atendimento médico.              Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário