Assistência a paciente com AVC na Unidade do Hospital
Regional
do Sertão Central, em Quixeramobim. (Foto: Alex Pimentel)
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A
Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) revelou que o Estado já registrou
2.291 mortes por Acidente Vascular Cerebral (AVC) no primeiro semestre de 2018
- contando falecimentos após internações e óbitos instantâneos. Com o objetivo
de diminuir esse número, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) dá
início à Semana Nacional de Combate à doença, nesta sexta-feira (26).
De
acordo com dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS)
do Ministério da Saúde, o Ceará é o terceiro do Nordeste em internações e
óbitos de hospitalizados por AVC - ficando atrás apenas da Bahia e Pernambuco.
No
total, a região contabilizou 27.271 casos de internação. Desse montante, 4.397
pessoas morreram após serem internadas. No caso do Ceará, entre janeiro e julho
deste ano, as unidades de saúde cearenses registraram 3.877 internações - das
quais 692 resultaram em mortes.
Em
comparação com o primeiro semestre do ano passado, o número de internações por
AVC apresenta uma redução irrisória, que não chega nem a 1%, quando 3.905
pessoas foram hospitalizadas após sofrer o derrame cerebral. Se comparada a
quantidade de mortes pela doença, a queda chega a apenas 2,8% (712). Em 2018, a
campanha do Dia Mundial do AVC (29 de outubro), da World Stroke Organization,
adota o tema "Reerguendo-se após um AVC", reforçando o tratamento do
paciente. No entanto, a prevenção também é um ponto a ser ampliado.
Neste
sentido, os cuidados com os fatores de risco (pressão alta, obesidade,
sedentarismo etc) precisam ganhar o máximo de atenção. Além disso, as táticas
para se reconhecer um AVC também necessitam ser enumeradas. O sorriso, os
movimentos e a capacidade de repetição são pontos a serem observados.
O
médico João José Carvalho alerta para a existência de dois tipos de AVC:
isquêmico e hemorrágico. "O isquêmico é muito mais comum, representa 80%
dos casos. E nessa situação, só é possível tratamento se for feito nas
primeiras horas. E quanto mais rápido, melhores os resultados" alerta o
especialista.
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde, em estudo de 2016, o AVC aparece
como a segunda principal causa de morte no mundo - atrás apenas da cardiopatia
isquêmica. O médico neurologista João José Carvalho revelou que a estimativa,
por ano, é em torno de 14 mil novos casos em todo o Ceará. Além disto, o Estado
possui cerca de 130 mil pacientes sequelados, dos quais 40 mil estão "muito
sequelados". Em relação aos óbitos, a estimativa é de 4.600 mortes
causadas por AVC, todos os anos.
Combate
A
informação é uma das principais aliadas. Por isto, o Hospital São Mateus, em
parceria com a Rede Brasil AVC, realizam a Campanha Nacional de Combate ao AVC.
Uma ação acontece na Praça Martins Dourado, Cocó, na manhã deste sábado (27)
para conscientizar a população sobre o assunto. "O AVC é a doença que mais
mata no Ceará (e a que mais deixa sequelas). No Brasil é a segunda que mais
mata. Apesar disso, a população é pouco informada sobre os fatores de
risco", comenta o médico Diego Bandeira, neurologista do Hospital São
Mateus.
Dentro
da programação do evento, especialistas irão analisar as condições de saúde do
público. "A avaliação é feita de duas maneiras. Uma é através de
entrevista, perguntando ao paciente quais fatores de risco ele possui. E outra
é através de um aplicativo criado pela Organização Mundial de AVC, que calcula
o risco que o paciente tem em cinco ou 20 anos", revela Diego.
"O
tratamento do AVC é multidisciplinar. Você precisa incluir métodos para
prevenir os fatores de risco, fisioterapia, fonoaudiologia quando se tem
alterações da linguagem. É preciso disso para se recuperar", destaca o
neurologista.
Para
o tratamento, o Ceará conta, hoje, com três centros considerados
"referências", funcionando em hospitais públicos: o Hospital Geral de
Fortaleza (HGF - com 32 leitos), o Hospital Regional do Cariri (HRC - com 28
leitos), e o Hospital Regional do Sertão Central, em Quixeramobim (HRSC - com
24 leitos)", enfatiza o neurologista.
Arsenal
O
especialista em Cardiologia Ronaldo Vasconcelos explica que, atualmente, há
mais programas de assistência aos pacientes, de prevenção e mais drogas
anticoagulantes disponíveis. "Hoje, nós temos um arsenal para combater o
AVC muito maior, mas é preciso que as pessoas procurem um médico para se
prevenir".
Em
relação ao tratamento, o neurologista revela que a operação é feita para abrir
o vaso (obstruído). "Para isso, tem duas maneiras: uma medicação, chamada
'trombolítico', que vai tentar desfazer esse trombo e, para casos mais graves,
temos uma técnica mais avançada. A gente vai por dentro do vaso, retira o
trombo e reabre a artéria". Ele também reforça que o resultado do
tratamento depende diretamente da velocidade com que a vítima recebe
atendimento médico. Diário
do Nordeste
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