Na reta final do segundo turno, o petista fez
diversos
apelos pelo apoio do pedetista
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O
resultado das urnas fez surgir uma aparente ruptura entre partidos da esquerda
que se colocam, agora, como oposição a Jair Bolsonaro. Apesar de terem em comum
um posicionamento contrário ao do presidente eleito, PT e PDT tendem a não
ficar lado a lado a partir de 2019. "Não quero fazer campanha para o PT
nunca mais", disse, ontem, a principal liderança pedetista, o candidato
derrotado no primeiro turno, Ciro Gomes, dando o direcionamento do novo
momento.
Ciro
e Fernando Haddad, segundo e terceiro colocados na disputa ao Planalto,
respectivamente, aparecem como os líderes de um movimento crítico ao próximo
governo neste momento em quem ainda não se sabe como se posicionarão lideranças
de centro-direita.
O
clima turbulento entre petistas e pedetistas foi iniciado no Ceará com o tom
crítico do senador eleito Cid Gomes com relação à candidatura do PT e tende a
se tornar mais evidente nos próximos meses.
A
ressaca da derrota no comitê petista em Fortaleza, ontem, após a confirmação do
revés nas urnas, deu o tom do novo capítulo da relação. José Guimarães, o
coordenador da campanha de Haddad no Ceará, falou de "página virada"
em relação ao PDT. "Esperávamos que ele (Ciro) estivesse conosco, mas se
não esteve. Ele que pague", declarou em entrevista no diretório estadual
do partido.
Para
ele, o fato de Ciro não ter apoiado Haddad explicitamente foi um fato menor.
"Tivemos no Ceará mais de 71% dos votos. É uma grande vitória. Não tenho
que reclamar de nada. Até porque o povo do Ceará deu a resposta", declara.
O Ceará foi o único estado onde Ciro venceu a disputa presidencial no 1º turno.
Em
discurso, ele citou que os partidos de esquerda saem fortes para fazer a
oposição. O PDT não foi citado.
Mais
cedo, Ciro voltou a sinalizar críticas ao PT. "Essa confrontação miúda vem
destruindo a economia brasileira e agravando dramaticamente a condição social
do povo mais pobre. Eu atravessei esse quadro todo porque acredito que o Brasil
precisa desesperadamente desarmar essa bomba", disse.
Guimarães,
entretanto, afirma que não apenas Haddad saiu legitimado para liderar a
oposição. Ao PT também foi dada essa missão. "O PT sai forte e vai se
reconstruir, recompor-se para liderar a oposição política a Bolsonaro",
declara. "Quem diz que o PT está morto, que não quer mais conviver com o
PT, está dando um tiro no pé", rebate. Ele afirma que na próxima
terça-feira, 30, a Executiva Nacional do partido deverá chamar todos os
partidos de esquerda para discutir estratégias.
Para
ele, o partido não sobreviveu apenas no Nordeste. "Fomos bem em vários
Estados do Norte e também do Sudeste", declarou, ao apostar que Bolsonaro
terá a maior oposição política.
Diário do Nordeste
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