(Foto: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas)
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Pesquisa
inédita que monitorou, durante a última semana, grupos de WhatsApp das eleições 2018
aponta para a ação
automatizada, ou seja, para o envio coordenado de informações
em múltiplos grupos, a grande maioria deles ligados ao candidato Jair Bolsonaro (PSL).
Esses
grupos apresentam alto
grau de interconexão e número elevado de administradores e
membros comuns, muitos com atividade
dezenas de vezes acima da média dos demais usuários.
O
estudo - que monitorou 110
grupos políticos abertos e analisou seu grau de
coordenação e interdependência - é do Instituto de Tecnologia e Sociedade do
Rio (ITS), centro de pesquisa independente que reúne professores de diversas
universidades brasileiras e do laboratório de mídia do MIT (Massachussets
Institute of Tecnology), nos EUA.
Seus
achados são peças do quebra-cabeças revelado pelo jornal Folha de S.Paulo que
aponta para empresas comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no
WhatsApp, prática ilegal por se tratar de doação não declarada para a campanha
do candidato Jair Bolsonaro (PSL), configurando crime eleitoral.
Os
contratos para o disparo de mensagens chegariam a R$ 12 milhões, atingindo
dezenas de milhares de brasileiros com conteúdo político contrário ao candidato
Fernando Haddad (PT).
Segundo
pesquisa do Ibope, 56% dos eleitores brasileiros afirmavam que seriam influenciados de algum modo pelas redes
sociais e 36% diziam que seriam essas redes que definiriam
seu voto.
No
estudo do ITS, uma amostra de grupos abertos de WhatsApp disponíveis em
repositórios na internet foi usada para o monitoramento.
"Os
repositórios estão dominados pelos grupos de apoiadores de Bolsonaro. Existem
alguns poucos grupos a favor de outros candidatos, mas muitas vezes os links de
acesso foram revogados", explica Caio Mariano, um dos autores do estudo,
mestrando em ciências sociais da internet pela Universidade de Oxford, no Reino
Unido.
"Ao
buscarmos o que está na web, reproduzimos na nossa amostragem a provável
proporção de grupos presentes ali", diz, para justificar a quase
onipresença de grupos pró-Bolsonaro na pesquisa.
Segundo
ele, o principal achado foi a potencial
automação de envio de mensagens. Enquanto alguns usuários
fizeram 360
postagens no período estudado, a média dos demais era de
dez mensagens. O intervalo entre envios de mensagens de uma mesma série eram
mínimos: entre 1 e 20 segundos. Segundo o relatório, boa parte desses perfis
não trazia nome próprio nem foto pessoal.
"São
indícios muito fortes de automação. Pode ser o que chamamos de bots, ou robôs,
que disparam mensagens, ou pode ser um usuário que utiliza algum nível de
automação para difundir conteúdo, o que chamamos de ciborgue", afirma.
Uma
análise qualitativa das postagens desses usuários hiperativos apontou que o
conteúdo disseminado não era
o de mensagens de opinião própria, mas majoritariamente a
retransmissão de informação e de mídias (vídeos e fotos).
Numa
segunda análise, foi mapeada a presença de membros ao longo dos grupos. E
alguns deles chegavam a compartilhar 50 usuários. Outros quatro usuários
administravam mais de 17 grupos.
As
atividades entre os grupos se mostrou intensa, sugerindo um grau de orquestração e coordenação.
"Observamos
uma via de disseminação de conteúdos. Há evidências de algo arquitetado,
criando uma malha e uma estrutura de coordenação entre os grupos de modo a
orquestrar a disseminação de informações através dos grupos de forma rápida e
com o uso de alguma automação, sejam bot, sejam ciborgues.
Esta
é a primeira campanha eleitoral que usa a internet, após resolução do TSE que
autorizou o uso impulsionamento
digital, mas vetou o uso de bots.
Nesta
semana, comentários pró-Bolsonaro em posts feitos no Twitter pela Folha de
S.Paulo que continham palavras
como "bolso" e "bolovo" levantaram
suspeitas do uso de robôs pela campanha de Jair Bolsonaro.
Em
um dos posts, que tratava da competição entre joalherias e galerias de arte
pelo bolo dos super-ricos, usuária sob suspeita de automação comentou:
"Cadê as provas, folha? Não tem, né? Pq não existem. Vcs estão com medo de
perder os milhões que o governo PT banca vcs, né?" Folhapress
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