Heitor Freire,
coordenador da campanha de Bolsonaro no Ceará,
olha para o plano de governo do
eleito
|
O
Ceará, que enfrenta o sétimo ano seguido de seca e corre o risco de entrar no
oitavo, espera pelas águas da Transposição do Rio São Francisco desde 2002. A
produção do Porto do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, poderia estar
sendo escoada para outros estados do Nordeste, mas ainda não é possível, porque
os trilhos da Ferrovia Transnordestina, até agora, não levam a lugar nenhum. A
expectativa de ver projetos importantes para o Estado serem concluídos
converte-se, agora, em desafio ao novo presidente.
O
último balanço do Ministério do Planejamento, feito entre 2015 e 2018,
contabiliza mais de 200 obras do Governo Federal paralisadas no Ceará. O
presidente da Comissão Temática de Infraestrutura da Federação das Indústrias
do Estado do Ceará (Fiec), Heitor Studart, lista uma série de intervenções
estruturais que precisam ser desemperradas pela União para alavancar o
desenvolvimento local.
"Na
área rodoviária, é fundamental a conclusão da BR-020, que diminuía em 800
quilômetros a ligação do Porto do Pecém com a cadeia produtiva de grãos do
setor Oeste do Brasil. Temos a duplicação da BR-222 até chegar a entrada do
Porto do Pecém; a BR-304, que é a saída para Natal e, de lá, se chega bem à
BR-101, ligando Natal-Recife".
O
setor ferroviário no Ceará, ressalta Heitor Studart, também demanda
investimentos urgentes do Governo Federal. O especialista cobra a resolução do
impasse em torno da Ferrovia Transnordestina, que há mais de 10 anos está com
as obras atrasadas.
Recursos
Com
um investimento de mais de R$ 6 bilhões, o projeto foi planejado para
interligar os estados do Piauí, Pernambuco e Ceará aos principais portos da
região: Suape (PE) e Pecém (CE), mas ainda não saiu do papel. A Linha Leste do
Metrô de Fortaleza é outro projeto que conta com recursos federais, no entanto,
está longe de ser concluído.
Já
no setor marítimo, o presidente da Comissão de Infraestrutura da Fiec defende
mudanças na legislação federal relacionadas à área de cabotagem, além de
entraves portuários com documentos, que, segundo ele, poderão favorecer o Porto
do Pecém.
"Na
parte aérea, estamos trabalhando no transporte de cargas que será um grande elo
no novo Hub aéreo, com voos de cargas diretos que não temos hoje. Então, temos
que lutar por um programa de logística nacional de Estado, que não dependa de
governo e que pense na continuidade", acrescenta.
Segundo
Studart, um estudo com todas as reivindicações de infraestrutura do Ceará está
sendo concluído e será levado até o fim deste ano para o Conselho Nacional da
Indústria (CNI). "Estamos com tudo mapeado e apontando as soluções, no
sentido de qual a melhor maneira para efetivação de recursos, para viabilizar
esses projetos estruturantes para o Ceará, porque, sem eles, o próprio CIPP
(Complexo Industrial e Portuário do Pecém) não deslancha".
Saúde
e segurança são também desafios para Bolsonaro no Ceará. O governador reeleito
Camilo Santana (PT) reclama, constantemente, de poucos repasses do governo
federal - mesmo na gestão de sua aliada, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) -,
para o Estado e da falta de um plano nacional de segurança. Para essa área no
Ceará, que é considerado o terceiro Estado do País com a maior taxa de
assassinatos, de acordo com o Monitor da Violência, o governador enfatiza,
recorrentemente, nunca ter recebido "um centavo" da União.
Na
Saúde, Camilo Santana reivindica também uma mudança na Lei de Licitações, para
dar maior celeridade à compra de medicamentos e equipamentos cirúrgicos. Além
disso, o Chefe do Executivo Estadual já se queixou da desigualdade de
investimentos. Segundo o governador, a cada R$ 4 investidos pelo Estado na área
de Saúde, a União aplica R$ 1.
Segurança
hídrica
Outra
obra importante que precisa ser priorizada pela União, diante do risco de novo
período de seca no Ceará, é a Transposição das Águas do Rio São Francisco. A
etapa restante para a conclusão das obras (4%) é o Eixo Norte, justamente, o
que deve beneficiar o Estado, mas, desde 2016, as obras estão atrasadas e a
conclusão já foi adiada diversas vezes. O último prazo dado pelo Governo
Federal para as águas do "Velho Chico" chegarem ao solo cearense é o
fim deste ano.
Doutor
em Geografia e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Jeovah
Meireles sustenta, por sua vez, que o presidente da República eleito para
assumir a partir de 2019 deve articular ações que possam
"potencializar" os ecossistemas como forma de mitigar os efeitos do
aquecimento global.
"O
Estado (União) tem que construir seu plano de enfrentamento às mudanças
climáticas, estruturado por regiões, cidades, sistemas ambientais para evitar a
salinização do lençol freático e minimizar a perda da biodiversidade". Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário