A Livraria Saraiva, rede de
varejo líder em venda de livros no País, pediu recuperação judicial nesta
sexta-feira (23). Com dívida de R$ 674
milhões, a companhia é a segunda empresa do setor em pouco mais
de um mês a pedir proteção da Justiça para reestruturar débitos e tentar seguir
em operação. A Livraria
Cultura está em recuperação judicial desde o mês passado.
As
dificuldades da Saraiva ficaram evidentes no início deste ano quando a
companhia atrasou
pagamentos às editoras de livros - suas principais
fornecedoras. A empresa voltou a ter dificuldades nos últimos meses, e foi
iniciado um novo período de negociações. Após não conseguir fechar acordo, a
companhia decidiu pela recuperação judicial.
No
pedido feito à Justiça, a Saraiva lembrou que vem tentando reestruturar o próprio negócio -
processo que está sendo tocado em conjunto com a consultoria Galeazzi &
Associados. Recentemente, a companhia encerrou as atividades de 19 pontos de venda, sendo oito
lojas tradicionais e 8 unidades iTown, que vendiam produtos de tecnologia da
marca Apple. Neste processo, cortou
700 funcionários.
Outra
medida tomada pela Saraiva foi a saída de
categorias em que a rentabilidade é mais baixa - como a
venda de produtos de tecnologia, na qual precisa bater de frente com pesos
pesados como a Via Varejo (dona de marcas como Casas Bahia e Ponto Frio) e
FastShop. A entrada no segmento foi decidida há alguns anos, como uma tentativa
de "proteção" à perspectiva de queda nas vendas de livros.
"Neste
movimento (a saída da área de tecnologia), a Saraiva diminuirá substancialmente
a geração de créditos tributários, uma das principais razões de consumo de
caixa nos últimos anos", diz a empresa, no documento da recuperação
judicial. Para continuar a ofertar eletrônicos e itens de tecnologia nas lojas,
a companhia deverá buscar uma parceria com
uma rede especializada no setor, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.
Apesar
de a venda de livros apresentar
uma pequena alta em
2018 - de cerca de 5% em valores, segundo o Sindicato
Nacional dos Editores de Livros (Snel) -, a Saraiva lembrou que o preço do
produto tem subido bem
menos do que a inflação. Segundo a companhia, enquanto o IPCA -
índice oficial de inflação - subiu 53,8% de 2000 a 2017, o valor unitário do
livro avançou 8%, na mesma comparação.
Outro
segmento que já foi a segunda maior fonte de receitas para a Saraiva - música e
filmes - foi bastante afetado por avanços tecnológicos, segundo a companhia,
que cita no documento de pedido de recuperação a emergência de serviços
como Netflix e Spotify nessa área.
Hoje,
a companhia se dedica somente à atividade de varejo. O pedido de recuperação
lembra que a empresa vendeu
seus ativos editoriais e de educação há três anos,
por R$ 725
milhões. Após esse negócio e um período de enxugamento do
varejo, o grupo hoje contabiliza cerca de 3 mil colaboradores, 85 lojas próprias e uma
área de venda de quase 50 mil metros quadrados no País.
Fundada
em 1947, a origem da Saraiva remonta, no entanto, a 1914 quando o livreiro
Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva, um imigrante português, abriu uma pequeno
sebo na rua do Ouvidor, em São Paulo, chamado Saraiva & Cia. A Saraiva é
uma companhia aberta desde 1972. Em 2008, adquiriu a rival Siciliano. Estadão
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