Embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley.
(Foto:
Ericarlos Jesus)
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A
eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República em outubro pode
estreitar os laços entre o Brasil e Israel. O presidente eleito já sinalizou
que sua política externa tende a se aproximar dos interesses do Estado judeu.
Atualmente,
Israel colabora com ideias e ações para um dos principais dramas do País: a
escassez de água no sertão nordestino pode ter um fim, e a solução deve vir de
Israel, que tem se destacado como uma referência mundial no enfrentamento à
seca. Na tentativa de solucionar o problema da estiagem no Nordeste, o
presidente eleito já indicou um forte interesse pelos equipamentos e tecnologia
de dessalinização de água usados pelos israelenses.
As
usinas de dessalinização são algumas das inovações que ajudam a população
israelense a enfrentar a escassez de água. Cerca de 80% da água potável
consumida por eles é proveniente do mar.
Em
entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, o embaixador de Israel no Brasil,
Yossi Shelley, há dois anos no cargo, disse que o seu país tem muito a
contribuir no combate à seca e ressaltou a parceria que já vem sendo implantada
no Estado do Ceará.
A
seguir, confira a entrevista com o diplomata.
Como tem
sido a proximidade de Israel com o Brasil? E os benefícios dessa parceria?
Israel
é um dos maiores países na área de inovação, pesquisa e desenvolvimento. Temos
acordos com o Brasil, mas esses acordos foram um pouco resfriados.
Tivemos
um acordo com o antigo governo como a fazenda modelo, que está sendo construída
em Quixeramobim. Agora com o novo governo eleito, há a possibilidade de fazer
outros negócios, e isso significa um grande momento e uma grande oportunidade
para Israel. Devemos deixar a política de lado e fazer negócio. O objetivo é
melhorar a vida do povo, aumentar a produção e fazer render mais.
Em
relação ao Ceará, o que já tem sido feito e o que ainda está previsto?
O
Ceará é um grande parceiro e não é indiferente do governo, temos a fazenda
modelo, uma relação com a Universidade Federal do Ceará (UFC), com a troca de
professores e estudantes com a instituição. Muitos israelenses estão vindo aqui
para pesquisar as coisas da seca e agricultura, especialmente como usar a seca
em favor da agricultura. A maior agricultura está no deserto, que não tem água
e chuva, com estufas, tecnologias e sementes especiais que têm bactérias que
ajudam a semente crescer mais. Essas coisas estão sendo feitas no Ceará por
meio da fazenda modelo, já foram adquiridos equipamentos de dessalinização no
início deste ano de 2018.
Como se
deu a parceria com o Ceará? Foi por meio do governo federal?
O
Ceará tem um acordo direto com Israel. Vamos fazer o consumo de água,
gotejamento, dessalinização do mar, bombear água salobra, temos muito a fazer.
Acho que a declaração do futuro presidente com outros países dá motivação pra
fazer e temos uma grande corrida para ver o que fazer e trazer para o Brasil.
O que
podemos esperar dessa parceria no combate à seca?
Vamos
esperar a posse do novo presidente no dia 1º de janeiro, vamos tentar criar um
programa total para acabar a seca, o governo tem interesse, é um plano não
somente de dessalinização, vamos usar todas as tecnologias em um plano total.
Queremos
fazer um planejamento de não somente tirar água, mas fazer programas de como
usar, o que fazer com o esgoto que não é tratado. Vamos tratar e usar para
agricultura, afinal no meu país 60% da água usada é reutilizada para
agricultura e o custo diminui. Israel levou 30 anos para fazer essas pequenas
usinas para purificação de esgoto, é um projeto total que durante 5 a 10 anos
já traz resultados.
Quanto
está sendo investido no processo de dessalinização?
Israel
é um país que usa a força de empresário, o setor privado é o que dá um boom
para o setor público, o setor público é o gerente, mas o setor privado é que
vai fazer. Por exemplo, a obra da usina de dessalinização em Tel Aviv custou U$
500 milhões e o governo israelense não pagou nada. Os empresários que fazem a
Parceria Público Privada investem tudo e depois cada metro cúbico usado é pago
e se não usado não paga. O valor é variável de acordo com a demanda. A ideia é
impulsionar a construção da usina no Nordeste, e o futuro presidente irá fazer
isso para acabar com a seca no Nordeste.
O que
podemos esperar da relação Israel com o futuro governo? E a mudança da
embaixada de Tel Aviv para Jerusalém?
Não
quero comentar sobre esse assunto, é um assunto político, é uma iniciativa
dele, deixa ele decidir e fazer. É um assunto delicado, estou mais na área de
engenharia e tecnologia. O governo quer fazer parcerias com Japão e Israel e
não com Cuba e Venezuela e isso já é bem diferente. Espero que no governo
Bolsonaro estejamos abertos para trocar ideias e ampliar o negócio, não tenho
expectativa de dominar o mundo com o Brasil, mas o Brasil tem potencial para
ser o segundo na economia. Diário
do Nordeste
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