Um bugueiro fez o
registro da caixa achada na Praia de Guajiru, em Trairi.
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O
mistério do conteúdo das "caixas misteriosas", que aparecem
no litoral nordestino desde outubro, dá sinais de se
findar. Segundo a perícia feita pelo laboratório do Instituto do Meio Ambiente de
Alagoas (IMA/AL), os pacotes misteriosos se tratam de fardos de borrachas. “Aparentemente parecia
couro. Fizemos coleta e levamos para o
laboratório, constatamos que se tratava de material sintético, derivado de petróleo. É
uma borracha prensada, com grande elasticidade”, explica Ricardo César,
coordenador de Gerenciamento Costeiro do IMA/AL.
Os
fardos continuam a aparecer e a tendência é que continuem a surgir no
litoral nordestino. Na manhã desta terça-feira (20), Agnelo
Lima e Erika Gregório passeavam na praia do Pecém e
avistaram mais uma caixa. “A gente já tinha encontrado uma no domingo,
mas nesta manhã fomos lá e encontramos outra. Levei até uma faca para
cortar e descobrir o que realmente era”, lembra Agnelo, que mora no
entorno.
Mesmo
sabendo que se trata de borracha embalada, provavelmente pronta
para ser usada em alguma indústria, o laudo do IMA de Alagoas - um
dos primeiros estados a receberem notificações dos objetos não
identificados -, não tem como revelar a origem dos objetos. "Mas pela
presença de Lepa sp., um
organismo de alto-mar, chegamos à conclusão que foi um
material que veio arrastado para a costa", pontua o especialista do
IMA/AL.
O
que também chamou a atenção foi o lado externo dos fardos, que possui
ferrugem e blocos de ferro, dando a ideia de que estavam dentro de um contêiner
em alto-mar. Ricardo César explica que o que pode ter acontecido é
que uma embarcação que naufragou há muito tempo tenha sofrido
uma deterioração no casco e o material tenha escapado.
Riscos
Cada fardo
de borracha pesa quase 100 quilos,
mas tem uma densidade que o faz flutuar. Apesar de não apresentarem perigo
aparente à população, o produto é altamente inflamável, segundo o
IMA/AL, e que a fumaça que sai dos fardos faz mal à saúde.
“O maior risco é para o meio ambiente, já que o plástico é um
organismo difícil de ser decomposto na natureza, em torno de 100 anos. Sabemos
que hoje a preocupação global é a redução de plásticos no mar”,
conclui Ricardo César.
Procedimentos
Ainda
não se sabe a quantidade de fardos que apareceram no litoral cearense, mas
desde o fim de outubro, quando o primeiro bloco apareceu no Ceará, a reportagem recebeu
imagens destes objetos nas praias de Aracati, Camocim, Caucaia, São Gonçalo do Amarante, Trairi e Pecém,
além do Serviluz,
em Fortaleza.
O
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
do Ceará (Ibama) segue aguardando as análises da Polícia Federal, mas o
órgão corrobora com as conclusões do IMA de Alagoas, de que se trata de um
fardo de borracha. O procedimento agora, após receberem o laudo oficial, é
liberarem os objetos para que as prefeituras das praias façam o
descarte de forma correta, ou incineração ou a reciclagem. Diário do Nordeste
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