O
ketchup de acerola desenvolvido na Universidade Federal do Ceará (UFC) teve
licenciamento de patente à iniciativa privada assinado na noite desta
terça-feira, 27. A Frutã, indústria de Jaguaribe, município distante 293,6 km
de Fortaleza, foi a vencedora do processo de concorrência para a fabricação e
comercialização do Natchup. A previsão da empresa é disponibilizar o produto
nas prateleiras do varejo a partir de janeiro.
De
textura similar e com acidez maior que o ketchup comum, o Natchup, tem ainda
beterraba e abóbora na composição, mas a receita é sigilosa, assim como é
sigiloso o valor dos royalties pagos à UFC durante os anos de
licenciamento.
Se
aprovado nos protocolos internacionais, o ketchup de acerola deve seguir em
breve para dez países, a começar pela Coreia do Sul - a empresa já exporta
polpas de frutas para Alemanha, Bélgica, Portugal, Espanha, França e EUA.
"Em abril, será lançado em São Paulo. Nesse primeiro momento, atenderemos
Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco. A negociação para exportação já
é avançada", enumera Ana Patrícia Diógenes, diretora comercial da Frutã.
A
comparação com o ketchup tradicional se aplica à exportação. André Siqueira,
presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação no Estado
(Sindialimentos), acredita que onde há consumo de ketchup, o novo produto pode
chegar.
Para
ele, as inovações que resultam de pesquisas locais podem ser revertidas ao
crescimento econômico do Estado. "Favorecemos a aproximação entre universidade
e indústria. É o primeiro licenciamento de patente da UFC e a gente espera que
essa parceria seja a primeira de muitas", dialoga André.
A
cerimônia de pré-lançamento do produto ocorreu na Reitoria da UFC, na Capital.
"A inovação tecnológica é uma linha de gestão na qual trabalhamos há algum
tempo, em parceria estreita com os produtores. Nosso Parque Tecnológico está
prestes a ser implantado. É um momento de muita importância para a Universidade
ter sua primeira patente licenciada. O futuro é bem promissor", comemora o
reitor da UFC, Henry Campos. Em 2017, a UFC foi a que mais depositou patentes
no País.
Produto
de ciência
O
Natchup é resultado de pesquisa que durou dois anos, no Departamento de
Engenharia de Alimentos da UFC. Os três alunos responsáveis por criar a
receita, porém, não receberam os merecidos louros no lançamento do
produto.
A
chefe do departamento, professora Lucicleia Torres, explicou que a novidade
surgiu em prática da disciplina de Aspectos Básicos de Frutos Tropicais, ainda
na graduação.
A
ideia do produto é que seja um alimento mais saudável e que tenha
características funcionais, ainda pela presença de nutrientes como cálcio,
ferro e fósforo e menor concentração de açúcares. "A ideia foi sendo
lapidada, para substituir o tomate pela acerola, rica em vitaminas A, C e
do complexo B. A receita não usa aditivos químicos ou corantes
artificiais. O tomate, apesar de saudável e rico em nutrientes, tem um cultura
sobrecarregada de agrotóxicos, algo que é uma preocupação para todo mundo
hoje", explica a docente.
"A
gente quer que seja um produto acessível, assim como é saudável e faz
bem", completa Ana Patrícia Diógenes, referindo-se à sustentabilidade
social do novo projeto. Parte do lucro do Natchup será doado a quatro instituições:
Associação Peter Pan, Lar Torres de Melo, Lar TinTin e Projeto Resgate.
O
Natchup foi premiado com o selo Innovation durante o Salão
Internacional da Alimentação (Sial), realizado em Paris, no mês passado. O Povo
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