sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Museu Orgânico Oficina do Mestre Françuili será inaugurado em novembro no Cariri


No ano em que comemora 70 anos de sua fundação, a Federação do Comércio do Ceará homenageia os mestres da cultura cearense. 16 Museus Orgânicos dos Mestres de Cultura Tradicional do Cariri serão inaugurados fortalecendo as memórias daqueles que ainda guardam as tradições deste território com seus saberes e experiências. Em setembro, aconteceu em Potengi a abertura do Museu do Reisado de Couro dos Caretas.

O segundo museu com o conceito de orgânico, apoiado pelo Sesc Ceará e pela Fundação Casa Grande, é o do mestre flandeiro Francisco Dias de Oliveira, Mestre Françuili, e será inaugurado também em Potengi – interior do Ceará, dia 15 de novembro, às 16h. A data é véspera da abertura da Mostra Sesc Cariri de Culturas, principal iniciativa de difusão cultural do Sesc Ceará, que congrega 2500 artistas de todo o País. O circuito artístico será realizado em 26 municípios da região e pretende atrair um público de 300 mil pessoas para os shows, espetáculos, peças e apresentações tradicionais durante cinco dias, de 16 a 20 de novembro.

Miniaturista e inventor
Nos olhos, o fascínio por aviões e, nas mãos, a habilidade de moldar objetos, essa combinação transformou Francisco Dias de Oliveira em um artesão mestre da cultura. Com uma lâmina flexível de metal, material conhecido como flandre, tudo o que Mestre Françuili imagina se materializa, hoje ele tem uma frota de 32 aeronaves e um grande acervo de objetos que simbolizam o sertão. Sua casa tem espaço para guardar ultraleves, helicópteros, foguetes e até disco voador, tudo em miniaturas caprichosas e detalhistas, algumas até motorizadas, que ele reproduziu só de olhar.

O pequeno tesouro do mestre Françuili, assim como sua casa, espaço repleto de cores, formas e imaginação, agora são inseridos em uma rede de espaços de memória da Região Cariri, promovendo o fortalecimento de vínculos, o turismo social e a economia criativa do entorno. Assim, é lançado o Museu Oficina do Mestre Françuili, um centro cultural para visitação de estudantes, turistas e também seus conterrâneos da  cidade de Potengi, município da região Caririense e terra-natal do artesão. Com a proposta orgânica do espaço de memória, os visitantes são convidados a vivenciar a rotina do Mestre, conversar sobre sua artesania, histórias e causos.

O flandeiro é um patrimônio vivo da inteligência, destreza e inventividade do povo nordestino. Moldar miniaturas é um talento que começou a desenvolver ainda na infância, quando viu primeira vez um avião planar acima da plantação onde trabalhava e sua imaginação decolou junto com o voo.
Quando criança, vivia dividido entre o trabalho na roça e a feitura dos aviõezinhos. Desde esta época, ele já tinha ciência da importância daquela arte, o que foi aos poucos mostrando para sua família e o povo da cidade. “Desde de pequeno tenho o desejo de deixar uma história aqui e trabalhei até conseguir isso. A história está feita! Agora é um museu, que se Deus quiser agora vai até o fim”, diz Mestre Françuili.

Além dos brinquedos, ele constrói utensílios e equipamentos, como fornos e pás, também adaptou baldes para coletar água nas estreitas cacimbas do sertão. Inventou tubos de armazenar legumes e até hoje sabe fazer os candeeiros que antigamente flamejavam para alumiar as casas.

O aprendiz deste ofício é o filho do artesão, conhecido na cidade como José de Françuili, ele leva adiante a experiência de seu pai na manufatura dos pequenos aviões e dos objetos domésticos, que são vendidos tanto na loja do Museu, quanto no comércio local. “Meu pai me ensinou a arte, estou muito agradecido e vou seguir a história dele. A inteligência que ele me ensinou não é todo mundo que aprende não”, diz José, que agora é responsável pelo museu.

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