Mestre Aldenir. (Foto: JR Panela) |
Célia
tem uma música preferida de Luiz
Gonzaga e ela se chama Asa Branca. Ouvir esse clássico no
meio da praça da Rffsa do Crato, em pleno entardecer de domingo, foi
praticamente um presente para a cearense. E quem lhe deu foi o grupo
pernambucano Magiluth, enquanto encenava a peça em homenagem ao Rei do Baião,
selecionada via edital da 20ª
Mostra Sesc Cariri de Culturas. A apresentação foi uma das
cerca de 300 ações gratuitas que tomaram conta de 26 municípios da Região Sul
do Ceará nos últimos cinco dias.
Tal
como Célia, Maria de Lourdes se entregou a pouco mais de uma hora desse teatro
de rua, revelando para um dos atores que seu cantinho de terra no mundo era a
cidade de Juazeiro do Norte. Revisitando as próprias memórias, as mulheres
adultas encontraram em si as crianças de outrora, e permitiram-se viver, ainda
que em pouco tempo, experiências simbólicas.
Não
precisou muito. Sair de casa por alguns instantes e encontrar a cultura
pulsando ao ar livre pareceu suficiente. Mas às vezes nem é necessário ir às
ruas. Do próprio terreiro, no Sítio Boa Vista, Mestre Aldenir conduziu uma das
festas da terceira noite de Mostra. Lá, por volta das 19 horas, não tinha
panela no fogo, família em frente à televisão nem ninguém com o olho na tela do
celular.
Toda
atenção era dedicada aos grupos de tradição convidados: o Reisado de Paus de
Potengi e o Maneiro Pau de Mestre Cirilo, além do anfitrião, claro. Aos gritos
e gargalhadas, pessoas de todas as idades revisitavam a infância com as
brincadeiras trazidas para o centro do terreiro. E mesmo quem via a
apresentação por detrás das cercas, permitia-se encontrar com as cores, os sons
e os movimentos de cada manifestação da cultura popular. "Essa Mostra
faz quem é véi ficar novo!", reconheceu Mestre Aldenir ao observar o bom
resultado da terreirada. "Chega o coração fica bem pequenininho",
emocionou-se. Diário do Nordeste
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