segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Ceará é líder em efetivação de doações de órgãos do Nordeste


Prestes a completar 13 anos, Natanael foi aprovado para
entrar na fila de espera por um transplante de fígado.
(Foto: Helene Santos)
Esperar empatia de quem acabou de se despedir de um ente querido pode parecer muito, mas este "pensar-no-outro" é o que tem elevado o Ceará a uma posição de destaque quando o assunto é doação de órgãos. Entre janeiro e setembro deste ano, o Estado foi o primeiro do Nordeste em efetivação de doações - quando comparados os números de potenciais doadores e dos que concluíram o processo, o Ceará ocupa ainda a sexta posição no Brasil, de acordo com o último levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Foram contabilizados 158 efetivos, entre um total de 409 potenciais doadores.

A boa notícia expressa pelos números acalenta as esperanças de Marcondes dos Santos, pai do Natanael, de 12 anos. O menino, que mora em Caucaia, recebe tratamento para hepatite crônica há mais de seis anos, no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias). Recebeu recentemente da equipe médica a permissão para receber transplante de fígado.

"Ele já fez um monte de exames, já passou pelo chefe de transplantes do Hospital das Clínicas. Ele está pronto para entrar na fila, mas ainda vai passar pela psicóloga", relata Marcondes, o pai que cultiva esperança de ver o filho longe dos hospitais.

Rotina alterada
Prestes a completar 13 anos, o menino não brinca como antes, pois aos olhos do pai, se cansa muito rápido. "A gente descobriu recentemente que o fígado dele estava envelhecendo. O médico disse que ele podia esperar mais um pouco, mas a gente espera que ele já possa entrar na fila a partir da próxima consulta", aguarda ansioso.

Marcondes espera receber os resultados de um hemograma completo de Natanael para dar início à espera oficial por um novo órgão. Entre janeiro e setembro de 2018, a expectativa por um doador efetivo era compartilhada por 16 crianças no Ceará. Destas, seis necessitam da doação de um coração, e dez aguardam novos rins.

Para a coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, Eliana Barbosa, os dados favoráveis de efetivação de doações no Estado devem-se, principalmente, às equipes de comissão intra-hospitalar, enfermeiros e assistentes sociais. O preparo e a sensibilidade em acolher famílias no momento do luto representam o diferencial para que, uma vez estabelecida a relação de ajuda, seja apresentada a oportunidade da doação.

Lista
Até 2016, no Ceará, os transplantes de córnea eram os mais requisitados do Estado, até a fila de espera ter sido zerada. Conforme os dados mais recentes, os 600 pacientes que aguardam um novo rim representam a maior lista de espera por um órgão. Até setembro deste ano, foram feitos 164 transplantes do tipo.   Diário do Nordeste

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