(Foto: Honório Barbosa)
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As últimas
chuvas caídas no fim de novembro passado e início deste mês já foram
suficientes para mudar a paisagem do sertão nordestino: a vegetação seca, cinza
da Caatinga, deu lugar ao verde. No solo, a pastagem nativa surge para alegria
e alívio dos pequenos criadores que, nesta época do ano, enfrentam período de
dificuldades para alimentar o rebanho. A mata nativa se renova e a vida volta a
pulsar com esperança de mais precipitações no campo.
Quem
percorre as rodovias estaduais e vicinais já percebe a diferença. "Se
continuar chovendo, teremos um bom inverno no ano que se aproxima", torce
o agricultor José Custódio, da localidade Vila União, zona rural de Iguatu. É
essa a esperança dos agricultores. O fim do ciclo de estiagem, de um período de
chuvas abaixo da média, que castiga o sertão cearense desde 2012. "O ano
passado já foi bem melhor", observa o presidente do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva. "Estou esperando que no ano novo
tenhamos muitas chuvas para encher riachos, rios e açudes".
As
últimas chuvas ainda não foram suficientes para recarga de açudes e cheias de
riachos, mas já modificaram a paisagem do sertão e asseguram a alimentação do
rebanho - bovino, ovino e caprino. "A babugem (pastagem nativa, gramíneas
e capim que nascem após as primeiras chuvas) alimenta o gado, salva o rebanho
que estava magro", disse o criador Antônio Cardoso, da localidade de São
Pedro, Jucás. "Nesses últimos quinze dias, já choveu mais de 200
milímetros aqui no meu terreno. Estou esperançoso".
O
criador Edmilson Duarte disse que o pasto nativo ressurge com força,
modificando o cenário do sertão e contribuindo para alimentar o rebanho.
"As chuvas vieram mais cedo neste ano, aliviando as nossas
dificuldades", comemorou. "Para o gado, tem sido uma salvação", pontuou
o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Sebastião Alves.
De
acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme),
em novembro passado as chuvas ficaram 177% acima do esperado para o período,
que é de 5.8mm. Foram observados em média 16mm.
"Estamos
no mês de pré-estação chuvosa, que tem média reduzida, mas que é importante
quando chove, favorecendo a agropecuária", observa o secretário de
Agricultura de Iguatu, Hildernando Barreto. A Funceme prevê mais chuvas no
decorrer do mês.
Previsão
O
Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) chegou a divulgar
previsão de chuvas abaixo da média para o período de pré-estação no Ceará
(novembro, dezembro e janeiro). A preocupação dos meteorologistas é com relação
à formação do fenômeno El Niño (aquecimento das águas superficiais do Oceano
Pacífico) que interfere para que ocorra, geralmente, chuvas abaixo da média no
Ceará. "Daí a importância de boas chuvas na pré-estação e em fevereiro,
início da quadra chuvosa", observou o meteorologista da Funceme, Raul
Fritz.
Ontem,
a meteorologista da Funceme, Meiry Sakamoto, informou que as condições do
Oceano Pacífico sinalizam que a previsão de El Niño, de fraco a moderado, podem
minimizar a expectativa de chuvas abaixo da média no Ceará em 2019. A
informação foi repassada no Paço Municipal, durante coletiva sobre as ações da
Prefeitura de Fortaleza para a próxima estação de chuvas.
Apesar
desse cenário, Sakamoto reforçou que as condições podem mudar até janeiro, e
que o prognóstico de chuvas será divulgado apenas no dia 18 de janeiro. De
acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para Clima e Sociedade (IRI,
em inglês), há 80% de chances de ocorrência do El Niño no período de fevereiro
a abril de 2019. Porém, para o Ceará, é necessário que sejam observadas as
anomalias de Temperatura de Superfície do Mar (TSM) do Oceano Atlântico, que
interferem no posicionamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Diário do Nordeste
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