Trilha
na Chapada do Araripe convida para imersão
natural e histórica (Foto: Roberta
Sousa)
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Você
certamente já ouviu a profecia "O sertão vai virar mar e o mar vai virar
sertão", espalhada por Antônio Conselheiro nos sertões da Bahia. Talvez o
que não seja do conhecimento da maioria é que ela bebe de uma lenda contada
pelos índios Cariri que viveram na região
do Crato, e que ainda hoje continua a ser difundida no Sul do
Ceará a quem visita o sopé da Chapada
do Araripe.
Foi
esse um dos motivos que me deixaram curiosa, mesmo sob o sol de meio-dia, a
fazer a trilha da Nascente (ou das Samambaias), integrada ao Geossítio Batateiras. É que ao
fim dela eu encontraria a origem dessa história contada desde o século XVII
pelos nativos daquela região.
Como
uma boa moradora de cidade grande que se aventura só de vez em quando em trilhas naturais, fui
totalmente desprevenida: sem chapéu de sol, sem repelente, sem garrafa d'água.
Por sorte, o percurso era todo na sombra, mas ainda assim recomendo não seguir
o meu exemplo.
Preparada
mesmo estava Deborah, instrutora do curso técnico em guia de Turismo do Senac
da localidade. Foi ela quem conduziu a imersão natural e histórica por uma
trilha sem grandes desafios (e por isso mesmo própria para pessoas de todas as
idades), além de muito relaxante, por ser feita na beira da nascente do Rio
Batateiras.
Sentidos
Pelo
caminho, o som das cigarras, do fluxo da água, do balançar das árvores e até
do canto do
soldadinho-do-Araripe alertam para uma experiência mais
sonora do que propriamente visual. As flores e as diferentes espécies de
samambaias completam o jogo de sentidos.
A
caminhada pode durar uma hora ou mais, a depender da disposição de quem a faz
para contemplar os detalhes. A meta é chegar na queda-d'água da "Pedra da
Batateiras", que guarda todo o mistério da lenda Cariri.
Para
os nossos antepassados indígenas, todo aquele vale era um mar subterrâneo, e,
debaixo da terra dormia a Serpente d'Água, cujo imenso caudal era represado
pela tal "Pedra da Batateiras".
Os
pajés profetizavam que ela iria rolar, todo o vale do Cariri seria inundado e
as águas, em fúria, devorariam os "homens maus" que tinham roubado a
terra e escravizado os índios. Quando as águas baixassem, a terra voltaria a
ser fértil e livre, e os Cariri voltariam para repovoar o "Paraíso".
Adaptada
aos dias de hoje, a história serve de alerta para aqueles que ambicionam a
região para a construção de imóveis, por exemplo. Por enquanto, a pedra segue
intacta, e até hoje não se sabe o que pode acontecer se alguém resolver
desafiar as leis naturais e dos primeiros moradores. É melhor não arriscar.
Bom
mesmo é lavar o rosto com a água do Rio Batateiras. A experiência é tão
revigorante que mais parece ter poder curativo, fazendo entender porque a
natureza deve ser respeitada e compartilhada.
Serviço
Trilha da Nascente (Samambaias)
Bairro Lameiro, Sítio Luanda, Crato, Ceará.
De Fortaleza, saem voos diários para Juazeiro do Norte. Lá, a visita ao Geossítio pode ser agendada com a Anhaguera Turismo pelo telefone (88) 9838.5440.
Os preços são negociáveis. Diário do Nordeste
Trilha da Nascente (Samambaias)
Bairro Lameiro, Sítio Luanda, Crato, Ceará.
De Fortaleza, saem voos diários para Juazeiro do Norte. Lá, a visita ao Geossítio pode ser agendada com a Anhaguera Turismo pelo telefone (88) 9838.5440.
Os preços são negociáveis. Diário do Nordeste
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