Os apicultores observam que houve neste ano uma melhora na floração da mata nativa da Caatinga. (Foto: MARCELINO JÚNIOR) |
O
Ceará vai voltar a ser uma terra em que escorre mel, gerando renda e ocupação
para mais de oito mil agricultores de base familiar. A expectativa é da
Federação Cearense de Apicultura (Fecap). O Estado já liderou o ranking de
produção nacional no ano de 2011 com seis mil toneladas, segundo dados do IBGE,
mas as dificuldades decorrentes de seis anos seguidos de chuvas abaixo da média
trouxeram dificuldades para o setor.
A
partir de 2012 começou o período de retração na apicultura cearense. A produção
caiu 25% em 2016, em comparação com 2011, ficando em torno de 1,5 tonelada.
Outro entrave foi a queda de preço do mel de abelha de R$ 12 o quilo,
comercializado em 2016, para R$ 9,50 em 2017 e neste ano, R$ 7.
Apesar
das adversidades enfrentadas pelo setor (queda na produção e no preço), os
apicultores estão otimistas, acreditando em uma retomada a partir de 2019. O
presidente da Fecap está animado. "Já tivemos uma melhora neste ano em
algumas regiões e para aqueles apicultores que seguiram orientação técnica,
implantaram novas tecnologias", pontuou Irineu Machado Fonseca, presidente
da Federação de Apicultura.
Os
apicultores observam que houve neste ano uma melhora na floração da mata nativa
da Caatinga. O clima de motivação decorre da mobilização de mais de 30
seminários 'Ceará Mel' realizados pela Fecap em mais de 120 municípios do
Interior. "Levamos palestras, importantes orientações técnicas e vamos
sair de um período de estiagem para retomada da produção", acredita Irineu
Fonseca.
Profissionalização
A
Fecap defende a profissionalização da agricultura familiar, pois quem cuida bem
das colmeias e aplica as tecnologias tem como alimentar o enxame, preservar e
até multiplicar, produzir mel, cera, abelha rainha e própolis.
"Acreditamos na volta das chuvas, o Ceará vai ser uma terra que terá mel e
leite, pois a bovinocultura também vai voltar a crescer", espera Irineu
Fonseca.
A
atividade é rentável. Há apicultores que seguem as orientações técnicas e
conseguem obter em uma colmeia 90 quilos de mel, que comercializados a R$ 8 dão
uma renda bruta de R$ 720. Há produtores com mais de cem colmeias. Outros,
considerados pequenos, obtêm em média R$ 5.000 por mês. A apicultura não impede
outras ocupações concomitantes.
Em
Cariús, há cerca de 30 apicultores e a produção de mel de abelha, nesses últimos
anos, caiu de 30 toneladas para 24 toneladas, ou seja, 20%. "Tivemos
dificuldades por causa das chuvas reduzidas e irregulares", observou o
apicultor, Hildegardo Moura. "Tivemos que migrar com as colmeias para a
chapada do Cariri", destaca.
A
coordenadora de Apicultura do Sebrae, na região Centro-Sul, Tuany Holanda,
salientou que a entidade trabalha com acompanhamento técnico em 14 municípios
da região. "O nosso foco é para a gestão dos negócios para que os
apicultores produzam melhor, com menor custo e mais renda", frisou. Em
média, os apicultores obtêm um lucro mensal entre um e dois salários mínimos
com a atividade.
Exportação
No
Centro-Sul cearense a produção de mel de abelha estimada em 2016 foi de 250
toneladas e em 2017 foi de 350 toneladas. Neste ano, manteve a quantidade
anterior. O mercado é favorável ao setor, que não atende à demanda. O Brasil
produz cerca de 45 mil toneladas de mel de abelha por ano. Desse total, 52%
estão voltadas para a exportação. Os dados são da Confederação Brasileira de
Apicultores. Diário do Nordeste
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