No
jargão palaciano, a principal definição de ser presidente é passar quatro anos
sem precisar tocar a maçaneta, porque há sempre um assessor para girá-la. A
partir de janeiro, quando passar a faixa
presidencial, Michel Temer terá de abrir portas sozinho, não
contará com uma aeronave à sua disposição, perderá equipamentos de comunicação criptografados e
deixará de morar em um palácio de governo.
Sem foro privilegiado, enfrentará
também uma nova situação jurídica, podendo responder a até nove investigações, entre
elas três denúncias da PGR (Procuradoria-Geral da República). Com um cenário
delicado, ele optou por se debruçar nos próximos meses na elaboração de sua
defesa jurídica.
No
mesmo dia da posse de Jair Bolsonaro, o emedebista voltará a morar na capital
paulista e retornará ao seu escritório de advocacia. Segundo assessores palacianos, o
presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, sugeriu a Temer que se mudasse para a
capital portuguesa e lecionasse na
Universidade de Lisboa. A ideia foi refutada, pelo menos por enquanto.
A
opinião de amigos do presidente é de que, neste momento, ele deve permanecer no
Brasil para evitar especulações de que tenha a intenção de evitar a Justiça.
Segundo
eles, o principal receio de Temer é que os investigadores avancem sobre sua
família, sobretudo sobre sua filha
Maristela, que teve obra em sua casa paga pela mulher do
coronel João Baptista Filho. A reforma no imóvel gerou um dos cinco pedidos de
abertura de inquérito feitos pela procuradora Raquel Dodge.
Ele
também foi cogitado por aliados de João
Doria para compor o futuro governo de São Paulo. Um
convite, contudo, nunca foi feito. O tucano terá em sua equipe seis
ex-ministros do presidente.
Em
conversas reservadas, Temer tem afirmado que sua intenção a partir de agora é
não disputar cargos públicos ou assumir pastas de governo. Ele também não quer reassumir a
presidência do MDB, que continuará até setembro sob o comando do senador Romero
Jucá (MDB-RR).
Melhor
amigo do presidente, o advogado José Yunes afirma que Temer se dedicará à
produção de pareceres jurídicos, à realização de conferências e à escrita de livros, incluindo
romances. "Ele vai tentar resgatar a dignidade dele, injustamente arranhada",
disse Yunes à reportagem.
A
mudança de Temer para São Paulo começou a ser feita no início de dezembro, com
o envio de objetos e móveis pessoais. O filho caçula, Michel Temer Filho, já
foi matriculado em uma escola na capital paulista.
O
publicitário Elsinho Mouco, que acompanhou Temer durante os dois anos e meio de
mandato, está produzindo um documentário sobre o presidente, cujo título
provisório é "O Brasil de Temer". A ideia é fazer um seriado, com
cerca de dez capítulos. "Só falta gravarmos as últimas ações de governo, a
transmissão da faixa presidencial e a volta dele para a casa", afirmou Mouco. Folhapress
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