segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Temer vai morar em SP, escrever livros e retomar a advocacia


No jargão palaciano, a principal definição de ser presidente é passar quatro anos sem precisar tocar a maçaneta, porque há sempre um assessor para girá-la. A partir de janeiro, quando passar a faixa presidencial, Michel Temer terá de abrir portas sozinho, não contará com uma aeronave à sua disposição, perderá equipamentos de comunicação criptografados e deixará de morar em um palácio de governo.

Sem foro privilegiado, enfrentará também uma nova situação jurídica, podendo responder a até nove investigações, entre elas três denúncias da PGR (Procuradoria-Geral da República). Com um cenário delicado, ele optou por se debruçar nos próximos meses na elaboração de sua defesa jurídica.

No mesmo dia da posse de Jair Bolsonaro, o emedebista voltará a morar na capital paulista e retornará ao seu escritório de advocacia. Segundo assessores palacianos, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, sugeriu a Temer que se mudasse para a capital portuguesa e lecionasse na Universidade de Lisboa. A ideia foi refutada, pelo menos por enquanto.

A opinião de amigos do presidente é de que, neste momento, ele deve permanecer no Brasil para evitar especulações de que tenha a intenção de evitar a Justiça.

Segundo eles, o principal receio de Temer é que os investigadores avancem sobre sua família, sobretudo sobre sua filha Maristela, que teve obra em sua casa paga pela mulher do coronel João Baptista Filho. A reforma no imóvel gerou um dos cinco pedidos de abertura de inquérito feitos pela procuradora Raquel Dodge.

Ele também foi cogitado por aliados de João Doria para compor o futuro governo de São Paulo. Um convite, contudo, nunca foi feito. O tucano terá em sua equipe seis ex-ministros do presidente.

Em conversas reservadas, Temer tem afirmado que sua intenção a partir de agora é não disputar cargos públicos ou assumir pastas de governo. Ele também não quer reassumir a presidência do MDB, que continuará até setembro sob o comando do senador Romero Jucá (MDB-RR).

Melhor amigo do presidente, o advogado José Yunes afirma que Temer se dedicará à produção de pareceres jurídicos, à realização de conferências e à escrita de livros, incluindo romances. "Ele vai tentar resgatar a dignidade dele, injustamente arranhada", disse Yunes à reportagem.
A mudança de Temer para São Paulo começou a ser feita no início de dezembro, com o envio de objetos e móveis pessoais. O filho caçula, Michel Temer Filho, já foi matriculado em uma escola na capital paulista.

O publicitário Elsinho Mouco, que acompanhou Temer durante os dois anos e meio de mandato, está produzindo um documentário sobre o presidente, cujo título provisório é "O Brasil de Temer". A ideia é fazer um seriado, com cerca de dez capítulos. "Só falta gravarmos as últimas ações de governo, a transmissão da faixa presidencial e a volta dele para a casa", afirmou Mouco.   Folhapress

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