(Foto: Fernanda Siebra) |
A
doença de Alzheimer pode
ter relação com uma bactéria causadora de infecção bucal. A conexão, que parece
pouco provável, é a conclusão do estudo realizado por um grupo internacional de
cientistas. A pesquisa abre caminho para novas investigações que associem agentes infecciosos à
doença neurodegenerativa - que afeta aproximadamente 1,2 milhão de
brasileiros.
Os
cientistas analisaram o papel de uma bactéria, a Porphyromonas gingivalis, no
desenvolvimento do Alzheimer. Encontrada na boca, a bactéria se prolifera por
causa da má higiene e pode causar periodontite, doença que afeta tecidos ao
redor dos dentes.
A
pesquisa, patrocinada pela farmacêutica americana Cortexyme, identificou
enzimas ligadas a essa bactéria em cérebros de pacientes mortos que tiveram
Alzheimer. Também localizou material genético ligado à Porphyromonas gingivalis
em pacientes vivos.
Mas,
só a presença da bactéria no cérebro dos pacientes não seria suficiente para
concluir que ela causa a demência. Isso porque, por vários motivos, como má
alimentação ou dificuldade em manter a saúde bucal, pacientes com Alzheimer
poderiam desenvolver a bactéria - e não o contrário.
Então,
os pesquisadores usaram ratos para demonstrar que a infecção pela Porphyromonas
gingivalis levou a uma produção maior de beta amiloide, proteína que se acumula
no cérebro de pacientes com Alzheimer. Os especialistas infectaram animais com
a bactéria e, em seguida, aplicaram uma droga capaz de diminuir a carga
bacteriana.
Com
isso, notaram que o medicamento
ajudou a bloquear a produçãoda beta amiloide e a proteger
neurônios no hipocampo dos animais região cerebral responsável pela memória.
O
estudo foi publicado na revista Science Advances. "A principal conclusão é
que há quantidade significativamente maior de enzimas bacterianas tóxicas nos
cérebros de pacientes com Alzheimer. A atividade tóxica das enzimas pode ser
bloqueada com uma droga", disse o autor principal do estudo, Stephen
Dominy, cofundador da Cortexyme. Diário do Nordeste
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