O
silêncio do governo Bolsonaro em relação ao Banco do Nordeste (BNB) acendeu o
sinal de alerta de lideranças cearenses. Embora ainda não haja oficialmente
nenhuma proposta concreta da equipe econômica em relação à instituição, a
recente declaração do secretário de Desestatização e Desinvestimentos, Salim
Mattar, de que apenas Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil devem
permanecer como estatais, aliada à demora na nomeação da nova diretoria do
banco, reforça as especulações sobre o futuro dos bancos de desenvolvimento
regional.
A
preocupação é que tanto uma eventual privatização, extinção ou incorporação por
instituições maiores como o Banco do Brasil ou o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), necessariamente, impliquem riscos
reais para o combate às desigualdades regionais.
Em
30 anos, somente com recursos do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE), gerido
pelo BNB, foram investidos em torno de R$ 250 bilhões no Norte dos estados de
Minas Gerais e Espírito Santo e no Nordeste. Metade destinada a mini, micro e
pequenos empreendimentos.
"Seria
uma irresponsabilidade grande acabar com um banco superavitário e que tem um
caráter social gigantesco", afirmou o deputado federal eleito, Capitão
Wagner (Pros-CE).
Ele
disse que irá aproveitar a reunião da bancada com a equipe econômica sobre a
reforma da Previdência, prevista para ocorrer na semana que vem, para também
tratar do tema.
O
assunto também deve pontuar o discurso de posse do deputado federal da oposição,
José Guimarães (PT-CE). "Ainda vamos tomar posse, mas temos que reagir à
altura de qualquer ameaça. A bancada do Nordeste, e não só do Ceará, não pode
deixar que esta manobra aconteça, porque seria um atentado contra a Região que
até pouco tempo foi ponta de lança do crescimento do País".
Ele
reforça que os parlamentares podem ter um papel fundamental neste processo,
principalmente, se a ideia do Governo for extinguir as instituições ou os
fundos constitucionais, pois o processo teria que passar pelo Congresso.
O
presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE),
Freitas Cordeiro, diz que embora os empresários estejam otimistas quanto à
assertividade das medidas econômicas do Governo, qualquer incerteza em relação
ao papel do BNB será ponto de discordância. "Vamos resistir enquanto
pudermos. Até porque hoje o crédito dos bancos regionais é o único contraponto
que temos em termos de diferenciação ao Sul e Sudeste do País".
Números
do BNB
Em
2018, o BNB registrou volume histórico de R$ 41,4 bilhões emprestados.
Deste
total, R$ 30,3 bilhões foram contratados via FNE, e o restante pelas linhas de
microcréditos Crediamigo (R$ 8,7 bilhões) e Agroamigo (R$ 2,4 bilhões). Alta de
56% em relação a 2017.
Com
72,6 mil operações, o Ceará foi o terceiro estado que mais recebeu recursos
oriundos do banco. Atrás da Bahia e do Maranhão.
Pelo
FNE, foram R$ 3,7 bilhões em 2018.
Para
2019, o orçamento previsto do FNE é de R$ 23,7 bilhões. O Povo
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