sábado, 26 de janeiro de 2019

Pelo menos 150 estão desaparecidos após rompimento de barragem em Minas Gerais

(Foto: AFP)

Há pouco mais de três anos, quando a Barragem do Fundão, em Mariana, rompeu-se, não se sabia que o maior desastre ambiental do País deixaria 19 mortos, um rio poluído e um povoado destruído. Ontem, aconteceu de novo, a aproximadamente 126 Km dali. A barragem da Mina Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, cedeu. Como há três anos, ainda não se sabe os impactos, mas sete corpos já foram encontrados, o Rio Paraopeba já foi atingido e há a possibilidade de a lama alcançar o Rio São Francisco.

Tudo começou por volta de 13h20, horário de Brasília. Embora ainda não se saiba o que causou o rompimento da barragem da empresa Vale, informações da própria organização e do Corpo de Bombeiros de Minas dão conta de cerca de 150 desaparecidos. A barragem suportava cerca de 12 mil m³ de rejeitos e, na descida, a lama atingiu a área administrativa da Companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco.

Desastre humano
A avaliação do comitê de crise instalado a 6 Km do foco da tragédia é de que o desastre humano em Brumadinho pode ser maior do que o de Mariana. Só na unidade administrativa da Vale, trabalham 613 pessoas, além de 28 terceirizados. Na Vila Ferteco, moram cerca de mil habitantes.

O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, disse que deve haver muitas vítimas e lamentou o ocorrido. Segundo ele, a barragem do Feijão estava sem funcionar desde 2015 e em processo de encerramento das atividades. "Viramos todas as barragens do avesso e contratamos as melhores auditorias do mundo para verificar o estado de todas elas. Fizemos tudo que a gente entende que era possível para garantir a segurança e a estabilidade. O fato é que não sabemos o que aconteceu e o que ocasionou, mas certamente vamos descobrir", afirmou Schvartsman.

'Tragédia anunciada'
Em comunicado, o Movimento dos Atingidos por Barragens se solidarizou com a comunidade impactada e classificou como "mais um crime contra a vida que é fruto desse modelo que apenas provoca tragédias anunciadas". O grupo disse ter denunciado o modelo de mineração do País, cujo trabalho é feito por "empresas privatizadas e multinacionais que visam ao lucro a qualquer custo".

Em torno de 15h50 (horário de Brasília), o Corpo de Bombeiros confirmou que os rejeitos atingiram o Rio Paraopeba - que abastece cerca de 48 municípios da Bacia homônima. Em razão disso, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) informou que o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte - que é atendida pelo Sistema do rio - estava suspenso. Segundo a Copasa, outras represas supririam a necessidade.

Ao menos cinco cidades próximas a Brumadinho divulgaram alertas aos cidadãos para não se aproximarem do rio pela possibilidade de haver súbita elevação do nível da água. Em Mário Campos, município vizinho, alguns moradores foram orientados a deixar suas casas preventivamente.   Diário do Nordeste

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