(Foto: Adriano Machado) |
O
relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à água e
ao saneamento, Leo Heller, avalia que a lama de rejeitos que se espalhou após o
rompimento da barragem da mina de ferro do Córrego do Feijão, da
multinacional Vale, deve chegar ao Rio São Francisco. Apesar de considerar cedo
para se ter um diagnóstico fechado sobre as consequências ambientais
causadas pelo incidente, ele antecipa que a massa atingirá um dos principais
rios do Brasil, já que é nele que o rio Paraopeba desemboca.
A
informação vai ao encontro de parecer do Serviço Geológico do Brasil (CPRM),
que apresentou, inclusive, uma data estimada para que isso se
consume: entre os dias 15 e 20 de fevereiro.
Segundo
o especialista, não é possível prever a proporção do fenômeno, considerando que
o Rio São Francisco tem um caudal volumoso e uma maior capacidade de
diluição.
Heller
qualifica as ações dos próximos dias como cruciais para interromper a
contaminação dos rios da região de Brumadinho (MG), frisando que as autoridades
governamentais devem inspecionar a qualidade da água que abastece a população
local. Em decorrência do aumento da quantidade de sólidos e, possivelmente, de
metais na água, alerta o relator, parte da comunidade talvez tenha o
serviço de fornecimento temporariamente interrompido.
“As
empresas afirmam que os resíduos não contêm material tóxico. Mas os rios em
geral de regiões de mineração têm muitos metais sedimentados no fundo.
Particularmente, o rio Paraopeba é um rio situado em uma região de intensa
atividade de mineração e industrial. No fundo desse rio existem metais
acumulados, nocivos à saúde. A chegada da lama no rio Paraopeba muito
provavelmente vai revolver, colocar em circulação muitos metais e isso pode ser
muito nocivo à saúde humana”, declarou.
“Existem
algumas medidas que os governos estão cogitando. Uma delas é utilizar algumas
represas que eram utilizadas como hidrelétricas para conter parte dos efeitos.
Essas represas não terão capacidade de conter toda a lama, mas elas podem
atenuar. Isso me parece importante, mas, sobretudo, monitorar. Fazer
monitoramento sistemático sobre os efeitos na qualidade da água e sobre os
riscos para a população que consumirá essa água”, complementou. Agência Brasil
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