Açude Lima Campos, em Icó, está em situação
mais grave: tem um
enorme buraco e mais
outros de dimensão menor nas duas faces da parede.
(FOTO:
HONÓRIO BARBOSA / Diário do Nordeste)
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Em
consequência da tragédia de Brumadinho (MG), a gestão da estrutura de recursos
hídricos virou fator de preocupação em todo o País. No Ceará, o cenário não é
diferente, apesar de as chances de rompimento de barragens serem inferiores,
devido ao sistema estar com volume baixo, em 10,5%.
Segundo
relatório de Segurança Hídrica de 2017, da Agência Nacional de Águas (ANA), o
Ceará tem oito açudes em situação de alto risco. Destes, sete são de
responsabilidade do Dnocs e um da Cogerh, o Jaburu. Localizado na Ibiapaba, foi
construído em área de estrutura geológica não favorável. "De vez em quando
apresenta vazamentos", diz Francisco Teixeira, titular da Secretaria dos
Recursos Hídricos (SRH), que ontem participou de reunião com diretores da
agência.
"Não
é porque uma barragem está em alto risco que vai romper da noite pro dia.
Geralmente conseguimos saber quando uma barragem está para romper.
Para
isso fazemos ações preventivas e corretivas", ressalta. Há um ano, a pasta
gastou R$ 4 milhões em reparos no Jaburu. Outra barragem na lista da ANA é Lima
Campos, em Icó. Construída em 1932, necessita de constante manutenção.
De
acordo com Teixeira, a SRH notificou os 184 municípios cearenses para que
gestores cadastrem todos reservatórios. Ao todo, são mais de 30 mil barragens
no Ceará, entre as monitoradas pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh), pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e
privadas.
"Segurança
absoluta não existe em nenhuma barragem. Tem que gerenciar de forma adequada,
acompanhar e monitorar. Mas não vai acontecer o mesmo de Mariana e Brumadinho.
Nem de longe é um risco tão alto quanto ali nas montanhas de Minas
Gerais", pondera. Ele informa que R$ 24,7 milhões entrarão em licitação
para realizar mais reparos.
Ter
reservatórios em alto risco significa, conforme Oscar Cordeiro, diretor de
regulação da ANA, estar com algum tipo de dano físico ou má administração.
"A classificação leva em conta essencialmente características de
conservação. Vemos se é um projeto antigo que não tem informações atualizadas
e, de fato, problemas estruturais".
Segundo
ele, a classificação está ultrapassada. "Estamos trabalhando para
modificar esses critérios. Temos que lembrar que Brumadinho não tinha alto
risco, mas olha o que causou".
OITO AÇUDES
As
barragens listadas como tendo alto risco, além do Jaburu (Ubajara), são: Ayres
de Sousa (Jaibara, em Sobral), Forquilha, Frios (em Umirim), Lima Campos (em
Icó), Paulo Sarasate (Araras, em Varjota), Pompeu Sobrinho (Choró) e Várzea do
Boi (Tauá). O arquivo 2017 da ANA está disponível no site da agência. O Povo
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