sábado, 23 de fevereiro de 2019

Com fim do subsídio do Governo, milho da Conab tem preço elevado


Depósitos da Conab acumulam grandes estoques de milho.
(FOTO: HONÓRIO BARBOSA)
O milho, tão importante na alimentação do rebanho, outrora reclamado e disputado entre os criadores, agora se acumula nos armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no Ceará. O motivo é a retirada do subsídio do Governo e o consequente aumento de preço do grão.

A saca de 60 quilos era comercializada por R$ 33, mas sem o incentivo governamental subiu para R$ 48, ficando com valor próximo ao praticado no mercado. Outro agravante, segundo os produtores, é que o grão estocado nos armazéns da Conab é velho, da safra 2012/2013, e apresenta perda de qualidade do valor energético da proteína, além de forte odor por causa do uso de veneno para conservação. Os criadores desistiram de adquirir o produto, e as vendas caíram 70% em média. E a queda deve continuar.

Até setembro de 2018, criadores enfrentavam filas, passavam a noite em frente aos armazéns da Conab para conseguirem comprar milho. O estoque não atendia à demanda.

Agora ninguém quer mais o produto, dizem os produtores. Quem mora em cidades mais distantes dos armazéns da Conab tem que pagar frete para o transporte do produto, inviabilizando o preço. Foi o que aconteceu com o criador Sebastião Rodrigues Teixeira, morador do sítio Patrimônio, zona rural de Acopiara.

O produtor rural conta que pretendia comprar 80 sacas do grão, mas quando calculou o custo do frete, desistiu. "Não compensa e sai mais caro do que o milho vendido no mercado", disse. O presidente da Associação dos Criadores de Iguatu, Vandeilton Sucupira, observou que o preço praticado atualmente está mais caro do que no comércio local. "É um milho velho, com mais de cinco anos em estoque, sem o teor de proteína adequado", pontuou. "Ele perdeu grande parte dos nutrientes e está quase para ser descartado", acrescenta.

O Programa Vendas em Balcão (ProVB) tem por objetivo viabilizar o acesso de criadores rurais de pequeno porte de animais aos estoques de produtos agrícolas sob gestão da Conab, por meio da venda direta, a preços compatíveis com os praticados nos mercados atacadistas locais. O programa também deveria contribuir para a renovação constante dos estoques, reduzindo a depreciação comercial dos grãos. Entretanto, no fim de outubro de 2018, o Governo decidiu cancelar o incentivo (subsídio) ao produto, e o valor de preço passou a ter aumento quinzenal. Nos primeiros 15 dias de novembro passado a saca de 60 kg saía por R$ 33. No início de janeiro chegou a R$ 44,22. No início deste mês foi majorado para R$ 45,60 e para esta segunda quinzena de fevereiro o preço tabelado é de R$ 48.

"Desse jeito, em março, vai ficar mais caro do que um milho novo, no comércio local, que é de R$ 52", reclamou Sucupira. A Conab no Ceará tem armazéns em Iguatu, Russas, Sobral, Maracanaú, Crateús, Icó, Juazeiro do Norte e um posto avançado em Tauá.   Diário do Nordeste

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