A eleição de Davi
Alcolumbre (DEM-AP) para presidente do Senado
Federal representou uma vitória de Jair
Bolsonaro, sobretudo do ministro
da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni, mas fez com que o Planalto ganhasse um
adversário considerado influente: Renan
Calheiros (MDB-AL).
A avaliação tem
sido feita em caráter reservado por assessores presidenciais, para os quais
caberá agora ao presidente Jair Bolsonaro atuar pessoalmente para tentar
reconstruir a relação com Renan e reduzir os danos causados pelo envolvimento
do ministro da Casa Civil na seara legislativa.
Em seu quarto
mandato como senador, o alagoano tem interlocução tanto com a direita quanto
com a esquerda e é avaliado como um articulador hábil. Para o Palácio do
Planalto, é preocupante tê-lo como adversário, sobretudo no momento em que o
governo elegeu a reforma previdenciária como sua prioridade em início de gestão.
A estratégia que
tem sido defendida pelo entorno do presidente é que ele entre em contato com
Renan neste final de semana e o convide para um encontro reservado assim que
voltar a Brasília, o que está previsto para ocorrer até sexta-feira (8).
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Santos Cruz, avaliou
à reportagem que agora, passada a eleição, começa o trabalho político de
conversar com as diferentes bancadas. "Eu não tenho dúvidas que o governo
federal terá um bom diálogo com o Congresso Nacional. E a reforma previdenciária todo mundo sabe que é
necessária", disse.
Ele ressaltou
que todos os deputados e senadores são relevantes no processo político, não
importando o partido a que são filiados, incluindo Renan. "Todo mundo é
importante e ele [Renan] continua sendo um parlamentar importante como qualquer
outro", observou.
Uma sinalização
do Planalto a Renan mira a pavimentação para a reforma da Previdência. Durante
a campanha, Renan passou a fazer gestos de simpatia ao governo e mudou de
posicionamento sobre a reforma, sobre a qual se manteve crítico durante a
presidência de Michel Temer.
Alguns
assessores governistas também calculam que Alcolumbre não terá condições de
entregar com a mesma velocidade que Renan a aprovação de projetos considerados
prioritários por ter pouca experiência em articulação, já que esteve no baixo
clero nos quatro primeiros anos de mandato.
Ao afirmarem
isso, eles apontam a dificuldade que o novo presidente do Senado teve para
conduzir a sessão de sexta-feira (1º), que acabou encerrada sem resultado. Com
a eleição apertada e com brigas, soma-se a isso um temor de que Renan possa
operar contra os interesses do governo. Folhapress
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