sábado, 23 de fevereiro de 2019

Mulheres trabalharão mais antes de se aposentar

(FOTO: HELENE SANTOS)

O texto da reforma da Previdência proposto pelo Governo Federal apresenta atualizações custosas aos contribuintes, mas parece ter sido bem mais duro para as mulheres. A constatação veio a partir de um levantamento realizado com o simulador, em formato de calculadora e criado pelo Sistema Verdes Mares, para estimar o tempo de trabalho que ainda resta para você adquirir o benefício.

A ferramenta, ainda em constante atualização, apresenta a projeção apenas para os trabalhadores assalariados do regime geral. Futuras versões deverão trazer os perfis para servidores públicos, trabalhadores rurais e outras categorias do sistema.

Segundo os cálculos, realizados a partir da análise de vários perfis distintos, as mulheres terão de trabalhar, em determinados casos, 10 anos a mais do que os homens, considerando tempos iguais de contribuição até aqui. Em relação a uma pessoa que tenha nascido em janeiro de 1991 e que tenha contribuído com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por 4 anos e 6 meses, a diferença seria de, pelo menos, 8 anos a mais de trabalho para a mulher.

Para conseguir a aposentadoria integral, o homem, pelo novo modelo, teria de contribuir por mais 35 anos e chegar aos 65 anos de idade. Pelo sistema atual, ele precisaria trabalhar 32 anos e chegar aos 60 anos de idade. A calculadora apontou uma diferença de idade de 5 anos, mas de apenas 3 anos em relação ao tempo de contribuição.

Para a mulher, nascida no mesmo período e com igual tempo de contribuição ao INSS, esses intervalos são um pouco maiores. No modelo atual da Previdência, para adquirir o benefício integral, ela poderia parar de trabalhar contribuindo por mais 27 anos, com 55 anos de idade. Contudo, pela proposta da equipe econômica de Paulo Guedes, a aposentadoria integral viria apenas depois de mais 35 anos de contribuição, porém apenas quando ela atingisse os 63 anos de idade.

Reação
Nas ruas, a calculadora causou reações distintas nos contribuintes, mas a maioria das pessoas demonstrou surpresa e uma certa frustração com o possível novo sistema previdenciário. A reclamação mais recorrente vinha pelo fato de que seria necessário, inevitavelmente, trabalhar mais para garantir a aposentadoria. A estudante Marília Soares, de 24 anos, que ainda não contribui com o INSS, se disse preocupada com novo sistema e que já pensa em alternativas para a hora de parar de trabalhar.

"Eu estou bem preocupada. A gente vê as notícias, mas eu não tinha a noção de que teria de trabalhar mais para me aposentar, como vi na calculadora. Vou começar a pensar, talvez, em uma previdência privada", disse Marília.

Já o odontólogo Eurico Menescal, 44, afirmou que os anos a mais de contribuição para se aposentar não o preocupam tanto se a reforma ajudar a resolver os problemas econômicos do Brasil, como o déficit da Previdência. "Não adianta ter uma aposentadoria se o sistema não for sustentável. Não sei se esse modelo é viável, mas o ponto crítico dessa reforma é o fim de vários benefícios de forma justa, e isso deve garantir o sistema a longo prazo", afirmou Eurico. Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário