(FOTO: HELENE SANTOS) |
O
texto da reforma da Previdência proposto pelo Governo Federal apresenta
atualizações custosas aos contribuintes, mas parece ter sido bem mais duro para
as mulheres. A constatação veio a partir de um levantamento realizado com o
simulador, em formato de calculadora e criado pelo Sistema Verdes Mares, para
estimar o tempo de trabalho que ainda resta para você adquirir o benefício.
A
ferramenta, ainda em constante atualização, apresenta a projeção apenas para os
trabalhadores assalariados do regime geral. Futuras versões deverão trazer os
perfis para servidores públicos, trabalhadores rurais e outras categorias do
sistema.
Segundo
os cálculos, realizados a partir da análise de vários perfis distintos, as
mulheres terão de trabalhar, em determinados casos, 10 anos a mais do que os
homens, considerando tempos iguais de contribuição até aqui. Em relação a uma
pessoa que tenha nascido em janeiro de 1991 e que tenha contribuído com o
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por 4 anos e 6 meses, a diferença
seria de, pelo menos, 8 anos a mais de trabalho para a mulher.
Para
conseguir a aposentadoria integral, o homem, pelo novo modelo, teria de
contribuir por mais 35 anos e chegar aos 65 anos de idade. Pelo sistema atual,
ele precisaria trabalhar 32 anos e chegar aos 60 anos de idade. A calculadora
apontou uma diferença de idade de 5 anos, mas de apenas 3 anos em relação ao
tempo de contribuição.
Para
a mulher, nascida no mesmo período e com igual tempo de contribuição ao INSS,
esses intervalos são um pouco maiores. No modelo atual da Previdência, para
adquirir o benefício integral, ela poderia parar de trabalhar contribuindo por
mais 27 anos, com 55 anos de idade. Contudo, pela proposta da equipe econômica
de Paulo Guedes, a aposentadoria integral viria apenas depois de mais 35 anos
de contribuição, porém apenas quando ela atingisse os 63 anos de idade.
Reação
Nas
ruas, a calculadora causou reações distintas nos contribuintes, mas a maioria
das pessoas demonstrou surpresa e uma certa frustração com o possível novo
sistema previdenciário. A reclamação mais recorrente vinha pelo fato de que
seria necessário, inevitavelmente, trabalhar mais para garantir a
aposentadoria. A estudante Marília Soares, de 24 anos, que ainda não contribui
com o INSS, se disse preocupada com novo sistema e que já pensa em alternativas
para a hora de parar de trabalhar.
"Eu
estou bem preocupada. A gente vê as notícias, mas eu não tinha a noção de que
teria de trabalhar mais para me aposentar, como vi na calculadora. Vou começar
a pensar, talvez, em uma previdência privada", disse Marília.
Já
o odontólogo Eurico Menescal, 44, afirmou que os anos a mais de contribuição
para se aposentar não o preocupam tanto se a reforma ajudar a resolver os
problemas econômicos do Brasil, como o déficit da Previdência. "Não
adianta ter uma aposentadoria se o sistema não for sustentável. Não sei se esse
modelo é viável, mas o ponto crítico dessa reforma é o fim de vários benefícios
de forma justa, e isso deve garantir o sistema a longo prazo", afirmou
Eurico. Diário do Nordeste
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