Aécio de Zaira tem como ofício a produção artesanal de instrumentos musicais (luthieria) e foi escolhido como um dos novos mestres da cultura (Foto: Jr. Panela) |
Reisado,
literatura de cordel, dança do coco. A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará
(Secult) divulgou, nesta quarta-feira (20), o resultado final do Edital do
“Tesouros Vivos da Cultura” do Estado do Ceará 2018 que reconheceu 11 novos
mestres e mestras da cultura cearense.
Além
deles, o edital contemplou os grupos Reisado Mirim Santo Expedito, de
Juazeiro do Norte, e o Maracatu Rei de Paus. A Associação União dos
Moradores do Jatobá foi escolhida na categoria coletividade.
No
processo seletivo, 119 inscrições foram validadas, sendo 105 inscritos para a
categoria mestres e mestras da cultura, 11 para categoria grupos e 03
para coletividade.
Confira
a lista dos novos mestres e mestras da cultura
Cabaceiro
Siará (Juazeiro do Norte)
Com
52 anos, Adrião Sisnando de Araújo é
filho do Cariri cearense. Destaca-se pelas atividades de pesquisador e museólogo popular,
coletando e mantendo um importante acervo no seu Museu das Cabaças, preservando
a memória do povo cabaceiro.
Aécio de
Zaira (Crato)
Com
62 anos de idade, Aécio Rodrigues de Oliveira tem como ofício, há 21 anos,
a produção artesanal de
instrumentos musicais (luthieria), por meio da reciclagem
de madeiras mortas e outros materiais descartados no lixo, além de materiais em
decomposição encontrados na natureza. Representa também através da música e da
poesia popular as tradições do Cariri.
Mestre
Antônio (Juazeiro do Norte)
Antônio
Ferreira Evangelista, 57 anos, é líder de
reisado e brincante há mais de 40 anos. Tem uma ligação
tão forte com a manifestação que se torna impossível separar sua existência da
brincadeira do reisado. Começou a participar da atividade quando criança no
Reisado do Mestre Pedro, após o falecimento do mesmo, Antônio e seus irmãos
deram continuidade ao grupo.
Mestre
Expedito Caboco (Juazeiro do Norte)
Expedito
Antonio do Nascimento possui 69 anos, dos quais 60 têm sido vivenciando e
difundindo a tradição das bandas
cabaçais e 50 representando o personagem Mateus em
reisados e guerreiros de Juazeiro do Norte. Recebeu de seu pai, João Marques de
Souza, em 1971, a direção da banda cabaçal fundada por seu avô e irmãos sob as
bênçãos de Padre Cícero.
Chico
Belo (Caridade)
Francisco
Alves de Freitas, nasceu há 70 anos em Caridade, no Sertão de Canindé.
Desenvolve o artesanato
em couro, ofício herdado do pai e do avô. Em suas mãos, o couro
curtido vira selas e arreios, botas e sandálias, cintos e chicotes. Mestre
Chico Belo se destaca pelo esmero e pela delicadeza do seu trabalho, certamente
por considerar seu ofício uma arte.
João
Pedro (Fortaleza)
João
Pedro de Juazeiro é um artista inquieto na área de xilogravura e literatura de cordel.
Além de produzir, preocupa-se em transmitir seus conhecimentos através de
oficinas e fomentar sua arte em exposições. O Mestre empenha-se ainda em
preservar a memória de seu povo, mantendo e protegendo um acervo de mais de
8000 mil peças.
Dona
Raimunda Tapeba (Caucaia)
Raimunda
Rodrigues Teixeira, 73 anos, é líder de seu povo, considerada a primeira mulher indígena a ocupar o papel de
pajé numa etnia indígena no Ceará. Sua comunidade está
estimada, atualmente, numa população de oito mil indígenas da etnia Tapeba, que
vivem em Caucaia. D. Raimunda mantém os costumes indígenas vivos por
meio de sua memória e seus ensinamentos acerca das lendas, culinária,
ervas, rituais e costumes.
Maria de
Tiê (Porteiras – Comunidade Quilombola dos Souza)
Maria
Josefa da Conceição tem 58 anos, dos quais 41 anos são dedicado aos saberes
da dança do
coco e do maneiro-pau. Suas toadas de coco divulgam as
tradições próprias de seu povo, como forma de reconhecimento da transmissão
entre as gerações de raiz cultural africana e afro-brasileira, advinda da
singularidade, história e cultura repassada pelo seu pai, o mestre Luiz Manoel
de Souza.
Cacique
Sotero (Aratuba)
José
Maria Pereira dos Santos, hoje com 75 anos, cresceu em meio às matas,
acompanhando os pais desde pequeno nas caçadas e nos trabalhos agrícolas. Tem
trabalhado na agricultura familiar de subsistência por toda a sua vida,
dedicando-se também às lutas dos movimentos sociais e populares desde a década
de 1960, especialmente como liderança indígena. É o idealizador do Museu dos Kanindé,
o primeiro museu indígena do Ceará e segundo do Brasil.
Dona
Edite do Coco (Crato)
Edite
Dias de Oliveira Silva, com 78 anos de vida, é a principal responsável por
manter viva a dança do
coco na comunidade das Batateiras, no Crato. Ela lidera o Grupo de Mulheres do Coco da
Batateira, um grupo de 17 agricultoras cratenses, com idades entre 56 e 84
anos, criado em 1979. O grupo hoje é reconhecido com um dos mais importantes do
Nordeste, tendo sido já objeto de diversas pesquisas.
Gil
D’Aurora (Aurora)
Francisco
Gildamir de Sousa Chagas, 60 anos, aprendeu cedo com o pai e o avô a
transformar madeira em arte e, no grupo dos notáveis escultores de Aurora,
destacou-se nas esculturas
em movimento. Gil foi deixando sua marca, seja nas esculturas
em movimentos, ex-votos ou móveis, mas foi inspirado pelo Mestre Antônio Pinto
Fernandes que Mestre Gil D’Aurora entrou de cabeça no ofício de luthier,
apaixonando-se fulminantemente pelas curvas e pela sonoridade da rabeca. Diário do Nordeste
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