EM
BATURITÉ, barragem Tijuquinha transborda
|
O
El Niño, fenômeno oceânico-atmosférico que tem influência sobre chuvas no Norte
e Nordeste do Brasil, apresenta maior probabilidade de ser do tipo fraco. Ou
seja, deverá ter impacto reduzido na incidência de precipitações, o que gera
esperança de boa quadra chuvosa no Estado. A leitura é do meteorologista da
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, em
matéria publicada no Jornal O Povo desta quarta-feira (20).
De
acordo com ele, o El Niño está demorando a se caracterizar como um fenômeno
típico. Isso porque, além do característico aumento da temperatura das águas
superficiais do Oceano Pacífico - que influencia na redução da formação de
nuvens de chuvas sobre o Ceará -, o fenômeno também deve apresentar respostas
na atmosfera, as quais só começaram a ser observadas nos últimos dias.
"O
aquecimento nas águas superficiais do Oceano Pacífico ainda não estava
exercendo respostas sobre a atmosfera, que agora já começaram a ser sentidas.
Só se vinha observando, desde o final do ano passado, o aquecimento na área do
oceano, mas ainda não tinha havido essa resposta na atmosfera, para tipificar
bem o fenômeno", explica.
Entre as respostas, Raul cita a
alteração na circulação da atmosfera. "Formam-se células de circulação de
ar úmido. Isso provoca uma descendência de ar sobre o Nordeste. Essa alteração
na circulação atmosférica, que o El Niño provoca, dificulta a formação de
nuvens de chuva aqui sobre a gente. Quanto mais intenso o fenômeno, mais forte
é essa influência. Como a previsão, por enquanto, é de que ele tenha mais
probabilidade de ser um fenômeno fraco, essa interferência deverá ser um pouco
menor", observa.
Não
está descartada, entretanto, a possibilidade de o El Niño ser do tipo moderado.
Já a probabilidade de ser de intensidade forte é "muito pequena",
conforme o meteorologista. De todo modo, ainda que fraco, o fenômeno tem
interferência sobre as chuvas no Ceará, principalmente no final da quadra
chuvosa.
"A
partir de meados de março, mas, principalmente, se crê (que) entre abril e maio
possa haver um impacto mais sensível do El Niño", frisa, avisando que um
novo prognóstico para o trimestre março-abril-maio será divulgado ainda este
mês.
Outro
fator que pode beneficiar a ocorrência de chuvas no Ceará são as condições do
Oceano Atlântico, que, atualmente, têm sido favoráveis. "Elas têm ajudado
as chuvas, com águas mais aquecidas perto da nossa costa. Não só do Ceará, mas
do Norte e do Nordeste. Isso porque a Zona de Convergência Intertropical se
forma e se desenvolve nessas áreas de águas mais aquecidas do Oceano
Atlântico", explica o meteorologista da Funceme.
Nenhum comentário:
Postar um comentário