A tecnologia assegura a produção de hortaliças e frutas.
(FOTO: HONÓRIO BARBOSA)
|
"Antes
desse projeto não tinha nada, era só a terra seca, nenhuma verdura, mas agora
tudo mudou, tenho um canteiro verdinho e lindo, renda toda semana e estou muito
satisfeito", alegrou-se o agricultor Francisco Josileudo de Araújo, da
localidade de Baixas, no distrito de José de Alencar, zona rural de Iguatu. Na
região Centro-Sul cearense, há pelo menos 100 unidades domésticas de reúso de
água cinza, semelhante ao modelo implantado na casa de Josileudo. É uma
tecnologia social de convivência com o Semiárido que vem ganhando espaço nesta
cidade. Em 2017, eram 25 famílias, moradores de áreas rurais, beneficiadas com
o projeto. Em menos de dois anos, esse número quadruplicou.
A
tecnologia simples, econômica e sustentável assegura a produção de hortaliças e
frutas. Os resultados são animadores: proteção ao meio ambiente e geração de
renda para famílias de pequenos agricultores. O projeto é fruto da parceria
firmada entre o Instituto Elo Amigo, a Fundação Banco do Brasil (FBB), e o
Governo do Estado por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA).
Como
funciona
O
sistema inclui uma caixa de gordura, um filtro (manilha de concreto) com
cascalho, pedra, areia, brita, pó de madeira, esterco de gado e minhoca para
produção de húmus. O recurso hídrico filtrado escorre para um reservatório no
chão e é bombeado para uma caixa elevada com capacidade de 500 litros. Do
reservatório, a água escorre por canos para os canteiros onde há mangueiras com
pontos de gotejamento. Há também um tanque com esterco de gado para a
reprodução das minhocas e do húmus. O sistema é simples e tem custo em torno de
R$ 5 mil por unidade. Possibilita o reaproveitamento da água das pias do banheiro
e da cozinha para regar plantas ao redor de casa. Para receber a tecnologia, as
famílias passaram inicialmente por uma seleção e capacitação.
Os
agricultores ficaram admirados com a possibilidade de aproveitamento da água
usada nas atividades domésticas. "Para ser sincero, não acreditava que
isso poderia dar certo", confessou Josileudo de Araújo. "Antes, essa
água escorria ao lado da casa, pelo terreiro, e quando fazia lama a gente abria
uma vala para escorrer mais", recorda.
A
maioria dos agricultores beneficiados com o projeto tem sentimento semelhante:
surpresa mediante a possibilidade de reaproveitamento da água servida. "A
água depois de filtrada não tem cheiro e a gente fica sem acreditar no primeiro
momento", contou a agricultora Fabiana Oliveira Félix, moradora do Sítio
São José, na zona rural de Iguatu. "É uma coisa simples, que funciona, mas
a gente precisa dar uma manutenção". Ela é uma das mais entusiastas do
projeto e tornou-se, ao lado do marido, Francisco Félix, referência na
implantação e desenvolvimento do programa.
"Estou
satisfeita, produzindo e vendendo para os moradores da localidade, além de ter
a hortaliça para o meu consumo". Eles vendem o excedente da produção de
húmus e minhoca para outros projetos em implantação. O coordenador na região,
Braz de Araújo, avaliou de forma positiva o programa. Ele destaca que o
equipamento consegue recuperar cerca de 50% de toda a água que iria para o
esgoto. "Para quem vive no Semiárido sabe que cada gota d'água poupada é
importante". Diário do
Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário