(Foto: Marcelo Camargo)
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O
presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, decidiu anular decisão do plenário do Senado pelo voto aberto na eleição para
a presidência da Casa e determinou que a votação seja secreta.
"Declaro
a nulidade do processo de votação da questão de ordem submetida ao plenário
pelo senador da República Davi Alcolumbre, a respeito da forma de votação para
os cargos da Mesa Diretora. Comunique-se, com urgência, por meio expedito, o
senador da República José Maranhão, que, conforme anunciado publicamente,
presidirá os trabalhos na sessão marcada para amanhã (sábado)", diz a
decisão.
Segundo
Toffoli, é preciso respeitar o artigo 60 do regimento do Senado, que determina
votação secreta. Aliados do senador Renan Calheiros (MDB-AL) entraram à 0h
deste sábado (2) com pedido no STF para reverter a votação desta sexta-feira
(1º) em que, por 50 votos a 2, decidiu-se que a eleição para presidente do
Senado se daria por voto aberto.
O
pedido é assinado pelo Solidariedade
e pelo MDB. Segundo Toffoli, o plenário do Senado "operou
verdadeira metamorfose casuística" no próprio regimento. "Ainda que
tenha ocorrido por maioria, a superação da norma em questão, por acordo,
demanda deliberação nominal da unanimidade do plenário, o que não ocorreu
naquela reunião meramente preparatória", diz trecho de sua decisão.
Em
janeiro, Toffoli já havia revertido entendimento anterior, do ministro Marco
Aurélio, que determinara que a eleição fosse aberta. Os aliados de Renan
fizeram três pedidos: 1) que o Supremo garantisse o voto secreto, previsto no
regimento da Casa; 2) que fosse anulado o processo de votação submetida ao
plenário pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que resultou em maioria pelo
voto aberto; e 3) que fosse reconhecido que candidatos à presidência do Senado
não podem presidir as reuniões preparatórias, "por absoluta
incompatibilidade, sob pena de ser declarado o seu impedimento". O
terceiro pedido mirava Alcolumbre.
Depois
de mais de cinco horas de
manobras regimentais, bate-bocas e até o "roubo" da
pasta de condução dos trabalhos, a eleição que escolheria o nome que comandará
o Senado nos próximos dois anos foi adiada para as 11h deste sábado (2). O pano de fundo da
confusão foi a disputa entre dois grupos pela cadeira: o de Renan, alvo da Lava
Jato e presidente do Senado por quatro mandatos, e o do ministro da Casa Civil
de Jair Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM), que tenta emplacar no cargo o até
então inexpressivo Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Único
remanescente na antiga Mesa Diretora do Senado, Alcolumbre foi o responsável
por conduzir a sessão nesta sexta. Para Toffoli, o fato de Alcolumbre presidir
a sessão que alterou o regimento e ser candidato "além de afrontar norma
regimental do Senado (art. 50, parágrafo único), a indicar manifesto conflito
de interesses, está malferindo os princípios republicanos, da igualdade, da
impessoalidade e moralidade".
"Penso
que a submissão pelo presidente interino de questão de ordem versando a forma
de votação da eleição da mesa diretora (secreta ou aberta) desrespeitou a
decisão que proferi nesta suspensão de segurança", ressaltou o presidente
do STF, em referência à decisão dele de janeiro a favor do voto secreto.
"Desse
modo, embora a Constituição tenha sido silente sobre a publicidade da votação
para formação da Mesa Diretora (art. 57, § 4o), o regimento interno do Senado
Federal dispôs no sentido da eleição sob voto fechado. Algum
questionamento pode haver no caso sobre o silêncio constitucional, se teria sido
ele intencional, uma vez que, em diversos dispositivos, a Constituição previu
de modo expresso o sigilo de votação", destacou o ministro do Supremo.
Sabidamente candidato, Alcolumbre não assumiu oficialmente essa condição e
comandou manobras para tentar enterrar a candidatura de Renan.
Apesar
de o regimento do Senado estabelecer que a eleição é secreta e que era preciso
unanimidade para mudar essa previsão, ele exonerou o secretário-geral do
Senado, Luiz Bandeira de Melo Filho, aliado de Renan, e colocou em votação
proposta de votação aberta -aprovada por 50 dos 81 senadores, com 2 votos
contra.Hábil negociador de bastidores, Renan tem maior chance em votação
secreta, já que muitos de seus apoiadores não querem se ver ligados a um
senador alvo da Lava Jato e que, para muitos, representa a "velha
política".
Ficou
acordado que o senador José Maranhão (MDB-PB), o mais velho da Casa e aliado de
Renan, deverá conduzir a sessão. Os anti-Renan tentarão manter a decisão de
voto aberto.
Maranhão
afirmou não concordar com a decisão de Alcolumbre de colocar em votação a
possibilidade de voto aberto. "Ele [Alcolumbre] não poderia resolver uma
questão dessa natureza, fundamental, numa questão de ordem [questionamentos
sobre ritos da sessão]. Você não pode reformar o regimento numa questão de
ordem", disse. Alcolumbre afirmou, após o adiamento da sessão, que a
população tem que se insurgir contra aqueles que não apoiarem a votação aberta. Folhapress
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