No
Ceará, as mulheres ainda gastam quase o triplo do tempo em comparação com os
homens nos afazeres domésticos. Enquanto, por dia, eles despendem 4,2 horas com
tarefas da casa ou da família, elas se dedicam 11.1 horas. Os dados, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), impactam no alcance da
igualdade de gênero, uma das metas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas para serem
cumpridos até 2030.
Os
números, referentes ao ano de 2017, indicam a proporção de horas diárias
dedicadas aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos não remunerados, de
pessoas de 14 anos ou mais, por sexo. Incluem-se nessas tarefas, a preparação
de alimentos, lavagem de louça, limpeza e manutenção do domicílio, lavanderia,
jardinagem, o cuidado de animais de estimação, compras, instalação, manutenção
e reparação de bens pessoais e domésticos, puericultura e cuidados de doentes,
idosos, membros da família com deficiência, entre outras atividades.
Se
verificado por grupos específicos de idade, o distanciamento entre os gêneros
aumenta na faixa etária de 30 a 49 anos, quando as mulheres dedicaram 12,6
horas diárias na lida com a casa, enquanto os homens 5 horas. Segundo o
levantamento, contudo, foi entre 50 e 59 anos que a desigualdade no trabalho
doméstico atingiu seu ápice, uma vez que as cearenses nessa faixa etária
empregaram 13,1 horas de seu dia com ocupações do lar, enquanto eles apenas
4,6.
O
contraste é ainda maior, no entanto, quando se analisam as diferenças por cor
ou raça. Os dados mostram que, em 2017, as mulheres negras ou pardas no Estado
trabalharam em casa quase duas horas a mais por dia do que as brancas, e cerca
de sete horas acima do que os homens negros ou pardos. A diferença entre as
proporções é similar à verificada no ano anterior.
A
promoção da responsabilidade compartilhada dentro da família está entre as
metas das Nações Unidas para uma efetiva igualdade de gênero. Mas segundo
analisa a pesquisadora de Gênero, Família e Geração nas Políticas Públicas da
Universidade Estadual do Ceará (Uece), Socorro Osterne, isso está longe de
acontecer nos patamares desejados, decorrente do comportamento patriarcal ainda
presente no imaginário coletivo.
Salários
"Nas
últimas décadas, houve aumento significativo do emprego feminino remunerado.
Entretanto, as mulheres continuam recebendo menores salários que os homens.
Estão em empregos mais precários, encontram-se em maior número entre as pessoas
desempregadas, trabalham mais em tempo parcial e continuam sendo as principais
responsáveis pelo trabalho não remunerado doméstico e familiar", comenta.
O ingresso da mulher no mercado formal de trabalho, segundo a professora, abriu
novas possibilidades ao universo feminino e quebrou importantes paradigmas no
contexto das relações de gênero e trato da sexualidade. Diário do Nordeste
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