A
falência da gráfica contratada para imprimir as provas do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) em 2019, somada à série de demissões no Ministério da
Educação (MEC) nos últimos meses, trouxe preocupações aos estudantes que
pretendem realizar o exame. Em colégios e cursos pré-vestibular, o maior receio
é sobre mudanças no calendário e no conteúdo. Coordenadores de curso têm se
esforçado para tranquilizar os alunos.
Para
Lucas Miranda, de 19 anos, que pretende cursar Direito, as sucessivas notícias
de mudanças no MEC trazem insegurança para os jovens que pretendem fazer o Enem
este ano. "A qualquer momento pode acontecer alguma coisa. Eu tenho medo,
por exemplo, que o governo baixe um decreto tirando a efetividade do Sisu
(Sistema de Seleção Unificada). Isso me preocupa", conta Miranda.
A
estudante Crislânia Silva de Lima, de 18 anos, aluna de um curso pré-vestibular
para Fisioterapia, disse que acompanha as mudanças no MEC. Sua maior
preocupação é em relação aos impactos no calendário do Enem 2019.
"Ficamos
de olho nas informações. Pode ser que tenham que diminuir gastos com provas e
isso pode resultar em diminuir um dia de exame, por exemplo, o que prejudicaria
o estudante já que temos dois domingos de prova", disse Crislânia.
Em
2017, o exame foi realizado em dois domingos consecutivos pela primeira vez. A
mudança foi avaliada positivamente pelos alunos. O calendário divulgado pelo
para 2019, até o momento, mantém o formato: as provas devem ocorrer nos dias 3
e 10 de novembro.
A
estudante Luiza Buscatti, de 18 anos, aluna de um curso pré-vestibular para
Economia, se preocupa mais com a possibilidade de interferência no conteúdo da
prova, após o MEC criar uma comissão para verificar a "pertinência"
de questões do exame. "Acredito que por esse viés mais conservador do
governo, a prova vai ser totalmente diferente e não vai seguir uma linha como
nos outros anos. O MEC está muito inconstante e eu me sinto insegura", diz
Luiza.
Edital
O
diretor do Cursinho da Poli, Gilberto Alvarez, lembra que o edital e a relação
de conteúdos de referência do Enem já foram publicados, e que nenhuma mudança
drástica na orientação para o conteúdo da prova ocorreu até o momento. Ele
conta que nenhuma alteração de currículo ou material didático foi feita nos
cursos preparatórios.
"Nós
temos de tranquilizar os alunos", diz Alvarez. Sobre o conteúdo das
provas, ele diz que não há motivo para mudanças drásticas. "O Enem não é
uma política de governo, é uma política de Estado. Ele tem 30 anos.", não
mudou.
Para
ele, a aplicação do Enem exige cumprimento "absolutamente rigoroso"
do calendário e, na sua opinião, a falência da empresa responsável pelas provas
pode acarretar em atrasos. "Isso me preocupa enormemente porque, por mais
que o governo faça um edital emergencial para trocar a gráfica, o risco de o
calendário não ser cumprido é muito grande."
Já
o diretor da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), Arthur
Fonseca, diz que a falência da gráfica seria um problema menor se o MEC não
tivesse passado por um período de demissões e disputas internas. Ele classifica
como "desastre" qualquer atraso no calendário, mas não descarta essa
hipótese. "O problema não é exclusivamente a falência (da gráfica), e sim
a falência no momento em que há um problema sério de organização no MEC",
ele diz.
O
coordenador do Anglo Vestibulares, Daniel Perry, disse que os alunos da
instituição estão sendo bem informados sobre toda a crise que envolve o MEC e
que por enquanto não há mudanças significativas para o Enem 2019.
"A
nossa preocupação principal é em relação a parte pedagógica e nesse sentido não
houve nenhuma sinalização de mudanças significativas", explicou
Perry.
Para
Perry, o grande medo do estudante é que chegue alguma notícia de mudança
radical, como por exemplo a mudança nos dias de prova. "Mudanças como
passar para um dia de exame e número de questões poderiam deixar. Estadão
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