(Foto: Marcelo Camargo) |
Grupo
de pessoas com deficiência criou petição online contra a decisão da Câmara
Municipal de Fortaleza de homenagear a primeira-dama do País, Michelle
Bolsonaro, com o título de cidadã de Fortaleza. Ela é intérprete de língua brasileira de
sinais (Libras) e, desde antes de o marido assumir a Presidência, se colocava
como ativista pelos direitos de pessoas com deficiência auditiva.
Na
posse de Jair Bolsonaro (PSL), ela discursou
por meio dos sinais. Contudo, os responsáveis pela petição
argumentam que o Governo Federal está paulatinamente desarticulando políticas
históricas deste segmento.
“Aquele
discurso foi encarado como uma estratégia de marketing. Na prática, ele não traria
um retorno efetivo para a comunidade surda”, criticou Victor Vasconcelos,
jornalista e autor da petição junto com o colega, Flávio Arruda. Ambos são
deficientes físicos e militam pelo segmento.
Expectativas
De
acordo com Vasconcelos, o discurso de Michelle na posse criou a expectativa de
que o País se tornaria mais inclusivo pela presença de alguém sensível à causa
próximo ao núcleo dirigente da União.
Contudo,
ele argumenta contra a homenagem ressaltando que, logo após a posse, Bolsonaro
acabou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão (Secadi), criada para fortalecer a atenção a grupos historicamente
excluídos da escolarização.
Os
organizadores da petição atacam
ainda a extinção do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência
(Conade), que também assistia pessoas do segmento. “O governo recua o país 40,
50 anos na história ao excluir a sociedade civil organizada das políticas
públicas, uma atitude com claro viés ditatorial e anti-povo”, aponta o texto
que introduz a petição.
“Por
fim, o governo Bolsonaro sinaliza o fim do Benefício de Prestação Continuada
(BPC), que garante um salário mínimo a idosos acima de 65 anos ou pessoa com
deficiência de qualquer idade, cuja renda seja menor que um quarto salário do
salário mínimo”, conclui o autor.
Vasconcelos
ainda pondera. Para ele, o presidente está tomando atitudes pontuais que têm
atraído o interesse da comunidade, por exemplo, ao anunciar que uma pessoa
surda comandará a secretaria que substituirá a Secadi, além de nomear outras
pessoas com deficiência a cargos no Governo. “Ele está tomando medidas pontuais
e escolhendo pessoas representativas da categoria para dar uma mensagem de que
estão atuando, uma espécie de cala a boca, não reclamem”, pontuou.
"Mulher
comum"
Para
a vereadora Priscila Costa (PRTB), autora do projeto de lei que
concede a homenagem, a petição é "muito insignificante" para ganhar
espaço. Ela ressaltou que a proposta do título foi aprovado por ampla maioria
dos vereadores da Capital. De acordo com a parlamentar, a rejeição à homenagem
é preconceituosa.
"O
'esquerdomachismo' valoriza as mulheres como revolucionárias, como submissas às
cartilhas ideológicas e partidárias, que não é o caso de uma mulher brasileira
que é mãe, devota e esposa. Ela é comum demais para esquerda, mas o Brasil
é feito de mulheres comuns", disse. O Povo
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