O
plenário da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) recebeu na última sexta-feira
(24) trabalhadores em água e esgoto para debater efeitos da Medida Provisória
(MP) 868/2018, que voltou a tramitar em Brasília, na Câmara dos Deputados. A
proposta traz elementos que, se aprovada, facilitará privatizações no setor.
Sob
relatoria do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), a medida foi aprovada em
comissão mista - que envolve deputados e senadores - e agora está na Câmara dos
Deputados. Nesta casa, basta maioria simples para aprovar a matéria, que
seguiria para o Senado. Em caso de rejeição, a MP tem vigência e tramitação
finalizadas e vai para arquivamento.
A
sessão na Assembleia que discutiu a proposta teve intuito de fazer prosperar a
segunda possibilidade. Com o debate travado, parlamentares esperam sensibilizar
a bancada federal cearense. O vice-presidente da Casa, o deputado estadual
Fernando Santana (PT), avalia que o debate ajudará a sensibilizar a bancada
federal local - 22 deputados federais e três senadores -, "na luta para
que essa MP 'caduque' e não venha a ocorrer privatização".
"Hoje
esse serviço atende a população mais carente com tarifa acessível e mesmo assim
nós temos reclamações, imagine se privatizar", opina Santana. O petista
acrescenta que já tratou do tema com o deputado federal José Guimarães (PT) e
Domingos Neto (PSD). "Já demonstraram ser contra".
Base
de Bolsonaro, o deputado Jaziel Pereira (PR). se posiciona a favor da MP. Para
ele, a MP tem potencial de aprovação. "Nós temos o entendimento de que a
privatização é um terror, mas faz parte da civilização, do desenvolvimento,
porque o Governo não pode dar conta de tudo."
Presidente
do Sindicato do Sindicato dos Trabalhadores em Água e Esgoto e Meio Ambiente
(Sindiagua), Jadson Sarto, afirma que a medida ameaça o subsídio cruzado, isto
é, o suporte que um município financeiramente capaz dá a outro, que, por razões
geográficas, sociais ou hidrológicas, precisa pagar tarifa mais acessível.
"A
MP 868 quer entregar para a iniciativa privada somente as regiões rentáveis.
Aqui no Ceará, são Fortaleza a Região Metropolitana e Região Metropolitana do
Cariri. Essas duas regiões bancam quem não tem recursos. Com essa medida sendo
aprovada, a iniciativa privada vai jogar para o setor público municípios que
não têm renda para se manter sozinhos."
A
proposta perde a validade no próximo dia 3. A líder do Governo no Congresso,
Joice Hasselmann (PSL-SP), dá sinais de desistência da matéria, que deverá ser
substituída por Projeto de Lei. O Povo
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