(Foto: Antonio
Rodrigues)
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As
indústrias calçadistas chegaram ao Cariri na década de 70 e até hoje tem seu
espaço na região, mas apesar de ainda ser o maior polo do Nordeste, hoje as
fábricas locais enfrentam sérias dificuldades. Há alguns anos, os empresários
vem demitindo e fechando as portas. As fábricas que permanecem tentam se
reinventar e sobreviver diante da crise que afeta não só o Cariri, mas todo o
cenário comercial do Brasil.
Segundo
dados do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado
do Ceará (FIEC), o município de Juazeiro do Norte, por exemplo, aumentou em
7,4% a exportação (vendas para fora) de calçados este ano em relação ao mesmo
período do ano anterior, movimentando US$ 98,9 mil. Apesar do número parecer
vantajoso, as importações (compras de fora) somaram um total de US$ 631,7 mil,
ou seja, um déficit de US$ 532,8 mil.
Segundo
Abelito Sampaio. presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados e Vestuário
no Cariri (Sindindústria), em número de pares, o Ceará é o primeiro no ranking
nacional, sendo também o que mais produz chinelos. Apesar disso, em
faturamento, o primeiro da lista é o Rio Grande do Sul, que faz calçados mais
caros. No ranking geral, o polo Cariri é o terceiro maior polo do Brasil.
Apesar
da grandiosidade, um terço das fábricas da ragião fecharam nos últimos anos.
Segundo Abelito, eram aproximadamente 300 fábricas há cinco anos, e hoje são
apensas 200. Um mercado que antes gerava 15 mil empregos, hoje sustenta,
com dificuldade, 8 mil.
“A
indústria dos calçados continua estagnada, há picos de melhora, mas são
momentos isolados”, diz Abelito, e completa, “quando o mercado reage um pouco a
gente se anima, acredita”, conta, afirmando que apesar de a crise estar
demorando muito a passar, “o empresário é sempre otimista”.
O
presidente do Sindindústria ainda afirma que os empresários de calçados do
Cariri estão evitando ao máximo novas contratações, e que continuam “com o pé
atrás”. A queda nos lucros está entre 40 e 50 %.
Anderson
Ferreira, gerente de produção de uma fábrica de calçados no Cariri, afirma que
há cinco anos a indústria vem em declive. A produção caiu pela metade e os
trabalhadores contratados pela fábrica também. Antes eram em torno de 140, hoje
são apenas 64. Já a produção era de 6 mil pares por dia, número que hoje não
passa de 3,5 mil.
Numa
queda em torno de 30% ao ano, Anderson conta que a primeira reação da empresa
foi cortar o quadro de funcionários e mudar a forma de trabalhar, passando de
representantes para vendedores nos estados onde distribuem os calçados. O
faturamento mensal, que antes girava em torno de 600 mil, hoje caiu pela
metade.
Anderson
acredita que a queda não se deu somente devido aos outros estados, que
expandiram a produção no ramo, como Nova Serrana, em Minas Gerais, mas também à
crise que o Brasil enfrenta. “Queremos nos mudar para um espaço maior, já
estamos com o projeto pronto, mas para isso tem de haver demanda” conta,
confessando que a expectativa é de que, a partir de junho, o comércio reaja
novamente, “com o comércio melhorando, podemos investir”, completa.
Após
ter registrado crescimento de 1,1%, em 2017, o setor calçadista brasileiro
ficou relativamente estável em 2018, com expansão de apenas 0,1%. As
exportações diminuíram 10,8% . Segundo o relatório Setorial da Indústria de Calçados
de 2019, produzido Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
(Abicalçados), a parada “deu-se em resposta ao mercado interno”. Em 2014 a
produção que alcançava 1 bilhão de pares passou para 944 milhões em 2018.
Em
resposta à diminuição, a produção em reais caiu ainda mais, 2,3% de 2017 para
2018, indicando que o preço final do produto baixou, por enfrentar dificuldade
no repasse dos custos ao consumidor.
Quanto
às perspectivas para 2019, a Abicalçados espera um crescimento entre 1,1% e
3,4% em relação ao ano anterior. Em reais, a projeção é de aumento entre 2,9% e
5,3%. Fonte:
Site Badalo
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