Canteiro de obras segue com pequenos serviços e
praticamente
sem movimentação de operários. (FOTO: ANTÔNIO RODRIGUES)
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À
medida em que os moradores de Fortaleza e Região Metropolitana continuam
pagando a tarifa de contingência por conta da estiagem, as obras do Cinturão
das Águas do Ceará (CAC), que viabilizariam a chegada da vazão do Rio São
Francisco ao Açude Castanhão, estão paralisadas. Sem repasse de recursos
federais e com a capacidade de investimento do Governo estadual comprometida
por razões de aperto financeiro, o CAC era uma das saídas para amenizar a crise
de água.
Operários
do lote 3 do trecho 1 do Cinturão já receberam o aviso prévio de desligamento,
e as três operações de crédito do Governo ainda não possibilitaram a conclusão
do trecho localizado no Cariri. "A Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH)
deve se reunir em breve com a Secretaria da Fazenda (Sefaz) para discutir o
assunto (empréstimos) e tomar as decisões. Mas podemos adiantar que, em relação
à Secretaria de Recursos Hídricos, a única operação de crédito refere-se à 1ª
fase do Programa Malha D'água que será Banabuiú/Sertão Central", informou
a SRH.
Com
três trechos e seis ramais ao todo, as obras do CAC se arrastam desde 2013 e já
custaram aos cofres públicos mais de R$ 1,2 bilhão.
"O
que eu posso dizer é que a gente está tentando manter a obra, mas não recebemos
dinheiro ultimamente. A obra não está paralisada. Estamos tentando manter, mas
o Governo Federal só repassou R$ 10 milhões neste ano", resumiu o titular
da SRH, Francisco Teixeira.
Entretanto,
a Marquise, empresa responsável pelo lote 3 do CAC, informou que parou a obra.
"Todos os equipamentos estão sem operação e os funcionários cumprindo
aviso prévio. A paralisação deve-se exclusivamente à falta de pagamento, o que
infelizmente impede a continuidade das ações do Consórcio". A Marquise
informa que está sem receber os repasses desde janeiro de 2019. "Por conta
disso, a obra - que estava aproximadamente 40% concluída - está paralisada e
cerca de 260 funcionários estão cumprindo aviso prévio, com demissões previstas
para o dia 24 de junho", informou a construtora.
As
empresas Passarelli e PB Construções, responsáveis pelos lotes 1 e 2 do trecho
1, não deram detalhes sobre as obras. "A Passarelli não se pronunciará
sobre o assunto", informou a empresa. Já a PB, com sede em Fortaleza, não
se pronunciou até o fechamento desta edição. O Ministério do Desenvolvimento
Regional (MDR) confirmou o repasse de R$ 10,6 milhões ao Governo estadual para
as obras do CAC, no dia 29 de março.
"Outros
repasses aguardam disponibilidade orçamentária e financeira, em razão de
restrições impostas a toda a administração pública federal a partir do Decreto
nº 9.741. A garantia de recursos para as obras vem sendo tratada pelos
ministérios do Desenvolvimento Regional e da Economia", comunicou o MDR.
Alternativa
Para
Heitor Studart, presidente da Câmara Setorial de Logística (CSLog) e
coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado
do Ceará (Fiec), o problema fiscal e a capacidade de investimento dos governos
federal e estadual são os maiores empecilhos para a conclusão da obra.
"Qual o ponto agora? Continuar o Cinturão das Águas ou um projeto mais
estruturante que a SRH apresentou, que é o Malha d'Água? Este projeto é bem
mais abrangente e atende a mais municípios e uma população maior que o
CAC", defendeu.
Segundo
ele, para terminar o Cinturão são precisos mais R$ 4 bilhões em investimentos.
"Para fazer o Malha d'Água são necessários uns R$ 5 bilhões. Este projeto
interliga todas as bacias. O Estado foi dividido em 34 bacias por tubulações.
Não será a céu aberto e com isso evita-se a evaporação e elimina-se a perda de
água".
Studart
afirmou ainda que o Estado vai priorizar o Malha d'Água. "Ele foi lançado
agora e a primeira bacia para edital que inclusive pode ser de Parceria
Público-Privada será a de Banabuiú, que deve ser lançada em julho e deverá
custar até R$ 600 milhões". Para ele, em oito anos, o projeto estaria
totalmente concluído. Diário do Nordeste
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