A tendência é que o número de cidades assistidas pelo Programa cresça no decorrer do ano de 2019 (FOTO: ALEX PIMENTEL) |
Vinte e dois dias após o fim da quadra chuvosa no
sertão cearense, o Estado já contabiliza 55 municípios atendidos pela Operação
Carro-Pipa, do Governo Federal. Até o momento, são 303 caminhões que garantem o
abastecimento de água a uma população de aproximadamente 104 mil pessoas em
áreas rurais. Para as próximas semanas, já há pedidos oriundos do interior para
ampliar a frota contratada.
A Comissão Estadual de Defesa Civil que faz
atendimento exclusivo às sedes urbanas, por enquanto, está em fase de
reorganização, mas vai começar a realizar o serviço na cidade de Choró, no
Sertão Central, com cinco veículos. Há outros pedidos para os núcleos urbanos
de Mombaça, Monsenhor Tabosa e Pereiro.
Na maioria das cidades, as chuvas não foram
suficientes para aumentar o nível dos açudes, e as cisternas que captaram água
já secaram.
Em Tauá, na região dos Inhamuns, há 65 caminhões
atendendo 624 comunidades e cerca de 25 mil moradores. "As chuvas foram
reduzidas na maior parte do Município, e os açudes não tiveram recarga, por
isso somos dependentes dos carros-pipas", explicou o coordenador da
Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec), José Hilton de Souza. "Mal
terminou a estação chuvosa e a situação já é de crise. Há necessidade para
cadastrar mais carro, imagine daqui pra frente".
A cidade de Aracati é outra que tem necessidade da
Operação Carro-Pipa. Dois veículos atendem parte da zona rural próxima à divisa
com o Rio Grande do Norte. "Estamos aguardando para julho ou agosto mais
um caminhão porque no sertão não há reservatórios e nem poços, sem outras
fontes de água", esclareceu a coordenadora da Comdec, Gerlane Oliveira.
Em Crateús, até o momento, 18 caminhões-pipas
atendem 214 localidades rurais. São cerca de 13 mil pessoas, ainda segundo
dados da Comdec. "No sertão não temos água potável e todos os distritos
precisam dos carros-pipas", pontuou o coordenador da Comissão, Antônio
Raimundo da Silva.
No alto sertão cearense, Campos Sales e Salitre
sofrem historicamente com a escassez de água nas localidades rurais. Mesmo no
período chuvoso, há necessidade de permanência da Operação. "Infelizmente,
nos últimos anos, as chuvas são poucas, e até que neste ano foi bom para
lavoura em vários municípios, mas não fez água", observa o diretor do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Salitre, Luís Silva. "No segundo
semestre, no verão, a falta de água tende a aumentar", acrescenta.
Já em Monsenhor Tabosa, a preocupação é quanto à
redução da frota. "Temos vagas pra quinze carros, mas a partir do próximo
mês só serão dez e 50 comunidades ficarão desabastecidas", explicou
Francisco Sérgio Monteiro Melo, coordenador da Comdec.
A cidade de Pereiro, no Vale do Jaguaribe, sofre há
mais de cinco anos com a escassez de água. A Defesa Civil vai voltar a atender
os moradores da sede urbana. Na zona rural, caminhões-pipas contratados pelo
Exército já fazem a distribuição de água para as famílias. "Se não fosse
essa água dos caminhões a gente não tinha como sobreviver", lamentou a
moradora Francisca Marques, moradora do Sítio Serra. Diário do Nordeste
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