Mestre
Manu construiu sozinho, com
as próprias mãos, uma oficina de taipa.
(FOTO:
ANTONIO RODRIGUES)
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Há
quase quatro anos, Francisco Emanuel Cunha de Freitas, 45, deixou o bairro Bom
Jardim, em Fortaleza, para morar no sítio Zabelê, na zona rural de Nova Olinda,
terra natal de sua esposa, Cícera Umbelino. Depois de largar o emprego de
vigilante na capital cearense, buscou recomeçar a vida, ainda sem muita
perspectiva. Até que, em um certo dia, depois de ter um sonho, resolveu
esculpir um esqueleto de dinossauro de madeira.
No
meio do mato, encontrou um pedaço ideal para o crânio e, mesmo sem nunca antes
ter esculpido, começou. Agora, batizado de Mestre Manu, o artesão não parou
mais. Bonecos, casinha de cachorro entre outras obras saem de suas mãos.
Manu
se inspirou no seu pai, Francisco José, já falecido, que fazia aviões e bonecos
de madeira, "por arte mesmo", como classifica. "Meu pai não
vendia, porque não colocava à venda", lembra. Ainda pequeno, o mestre
tentava repetir o trabalho do pai.
Evangélico,
depois que chegou a Nova Olinda e se deparou com o desemprego, Manu começou a
ter uns sonhos. Num deles, conta que Deus começou a mostrá-lo como fabricar os
objetos que hoje vende. "Tudo que eu sei devo a Deus. Eu mesmo, pra tirar
isso da minha cabeça, não conseguiria. Ele mostra em sonhos, e eu vou
criando", revela. Seu primeiro trabalho foi inspirado na região: o
esqueleto de pterossauro.
Manu
construiu sozinho, com as próprias mãos, uma oficina de taipa com um andar, na
beira da CE-292, que liga Nova Olinda a Crato. Na parte de baixo, ficavam as
ferramentas e a matéria-prima. Já na parte de cima, sentava para "buscar
inspiração", lembra. A inspiração vem do sopé da Chapada do Araripe, onde
trabalha. A matéria-prima que Manu utiliza é exclusivamente reaproveitada, seja
de paletes, móveis antigos ou troncos de árvores caídas no mato. Em 2017,
quando começaram as obras de recuperação e duplicação da CE-292, aproveitou
raízes e galhos para trabalhar nas suas peças. "Toda vez que vou amarrar
animal no mato, trago uma novidadezinha", reforça.
Suas
peças ficam expostas em frente à oficina, localizada a 12 quilômetros da sede
de Nova Olinda e se misturam com a vegetação. Imponente, um dinossauro com
cerca de dois metros de altura pode ser visto por quem viaja pela rodovia.
Mesmo assim, as vendas ainda são poucas.
"O
pessoal faz mais encomenda de casa de boneca, casa de árvore, mas o que sai
mais é casinha de cachorro e boneco Pinóquio", conta. O artesão, no
entanto, não desanima. Como o Município faz parte da rota turística do Cariri,
o trabalho de Manu com a madeira acaba ganhando espaço. Sua oficina já recebeu
visitantes de outros estados. "Trabalhar na beira da pista é mais
vantajoso, porque quem tá viajando passa aqui, seja na ida ou na volta",
conclui. Diário do Nordeste
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