Os
tempos difíceis de ajustes fiscais não impediram a Câmara dos Deputados de
decidir gastar R$ 20 milhões para reformar 81 gabinetes parlamentares, incluir
um banheiro em cada.
As salas ficam no anexo 3, um dos
prédios adjuntos ao edifício principal do Congresso. A ala abriga os únicos
gabinetes sem banheiros próprios. Quem despacha ali, precisa dividir os
toaletes comuns, localizados nos corredores, com funcionários e visitantes. No
anexo 4, por exemplo, cada sala possui o seu próprio banheiro, que muitas vezes
acaba sendo privativo do parlamentar.
O projeto elaborado pela área de
arquitetura da Câmara já está aprovado e as obras devem ser iniciadas no
próximo semestre. A ideia é encabeçada pela 1.ª Secretária da Câmara, a
deputada Soraya Santos (PR-RJ).
A reforma deverá levar ao menos três
anos para sua conclusão, com previsão de ser entregue em janeiro de 2023.
Durante a execução das obras, os gabinetes dos parlamentares e demais
escritórios do anexo 3 serão transferidos para outra área do prédio. Uma
primeira leva de 38 gabinetes tem previsão de ficar pronta até janeiro de 2021.
O projeto não é unanimidade. Herdeira do
gabinete nesta ala que era usado pelo presidente Jair Bolsonaro, quando era
parlamentar a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) discorda da iniciativa. "Se
fosse alguma coisa para um deficiente físico ou alguém com problema de
locomoção, isso até poderia ser feito para essas pessoas. Mas eu não faço
questão de banheiro, até porque fico pouco no gabinete, só vou para despachar e
já volto para as comissões", disse.
O deputado Junior Bozzella (PSL-SP), que
também ocupa um espaço no anexo 3, segue a colega. "Atendo muita gente no
gabinete, mas é muito dinâmico, então, nem percebo essa questão de ter ou não
banheiro. E eu uso bem o banheiro do corredor".
Bozzella, no entanto, afirmou que as
estruturas da Casa "não são das melhores", mas ressaltou que é
preciso poupar recursos públicos. "É precário para o atendimento ao
público, não exclusivamente para o parlamentar. Eu não me incomodo, mas talvez
o público ali no gabinete e os funcionários se incomodem, embora existam os
banheiros nos corredores", afirmou.
Custos
Por meio de nota, a assessoria de
comunicação da Câmara informou que as obras ainda serão licitadas e que os
custos estimados são de R$ 6,6 milhões por ano, a serem executados entre 2020 e
2022.
A Câmara justificou que o prédio do
anexo 3, erguido na década de 1970, "nunca passou por reformas e está
obsoleto". Segundo a Casa, não se trata apenas de erguer banheiros novos,
porque há "necessidade comprovada" de trocar sistemas hidráulico,
elétrico e de ar condicionado, e de adequar o prédio a normas de acessibilidade,
segurança e de combate a incêndio e pânico, "com a melhoria das rotas de
fuga", segundo o texto.
Em 2016, a Câmara chegou a analisar a
possibilidade de construir mais um anexo, com uma obra estimada em R$ 320
milhões. "A área técnica da Câmara realizou estudos que constataram que a
solução mais viável, do ponto de vista da economicidade e da praticidade é a
realização de obras estruturais no prédio - a alternativa, muito mais
dispendiosa, seria a construção de um novo edifício, o que chegou a ser cogitado
no passado", diz a nota. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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