A
violência sexual é capaz de deixar efeitos nas esferas física e mental, a
curto, médio e longo prazo, até mesmo perpassando gerações em uma mesma
família. Os dados sobre quantas pessoas registram ter sofrido crimes que se
encaixam nesta tipologia, no Ceará, são alarmantes. Ainda mais grave quando se
sabe que para cada caso que chega ao conhecimento da Polícia, outros cinco não
foram sequer notificados às autoridades.
De
janeiro de 2017 até o último mês de maio deste ano, a Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social (SSPDS) contabilizou 4.399 vítimas de crimes sexuais no
Estado. Considerando este período que resulta em 29 meses sequenciados, a média
é que, a cada dia, cinco pessoas informaram ter sofrido crimes sexuais, o que,
para o Código Penal Brasileiro vai além de assédio e estupro.
A
maioria das vítimas é formada por pessoas que pertencem a grupos vulneráveis.
Dos 4.399 registros feitos em quase dois anos e meio, 1.863 são crianças, 1.588
adolescentes e 828 adultos e idosos de 18 até mais de 65 anos de idade. Em
todas as faixas etárias, grande parte de quem sofreu um crime sexual foi de
pessoas do sexo feminino. Muitas vezes o crime ocorre onde a vítima deveria se
sentir mais protegida: dentro do próprio lar. Segundo as estatísticas da SSPDS,
os atos costumam acontecer durante a noite, e principalmente aos domingos.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que a violência sexual é
"qualquer ato sexual ou tentativa de obter ato sexual, investidas ou
comentários sexuais indesejáveis, ou tráfico ou qualquer outra forma, contra a
sexualidade de uma pessoa usando coerção", tudo isto, independente da
relação do agressor com a vítima. Estudiosos da área acreditam que a longo
prazo, as mulheres podem desenvolver distúrbios apresentando maior
vulnerabilidade à depressão, pânico, tentativa de suicídio e dependência de
substâncias psicoativas.
Quando
sofrido o estupro, a única existência possível, a do próprio corpo, se aliena.
De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, a cada ano, pelo menos 500
mil pessoas são estupradas no Brasil, destes casos, apenas 10% chegam ao conhecimento
da Polícia. O titular da 97ª Promotoria de Justiça de Fortaleza do Ministério
Público do Estado do Ceará (MPCE), promotor Marcus Amorim, ressalta que há
pouco mais de uma década, veio uma importante modificação no código penal, que
até então corrobora para este maior índice de ocorrências contabilizadas. Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário