O
governo cortará pela terceira vez a previsão oficial de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) para 2019, o que reduzirá
a projeção de arrecadação e complicará ainda mais o
cenário para cumprir a meta fiscal do ano.
Com
a rápida deterioração nas expectativas de crescimento, o Ministério da Economia
planeja acelerar a divulgação
da estimativa para diminuir a defasagem entre o cálculo da
pasta e o do mercado.
O
orçamento de 2019 foi elaborado em meados do ano passado com uma previsão de
crescimento de 2,5%. Em março, o governo cortou a projeção para 2,2%; em maio,
para 1,6%.
A
tendência é que a nova previsão oficial fique próxima àquela calculada pelo
mercado. Os
analistas esperam uma expansão de apenas 0,93%, de acordo com o
boletim Focus publicado no dia 17.
O
secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida,
afirma que a queda
acelerada nas estimativas tem feito o número oficial ficar
defasado em relação ao do mercado. "Está caindo tão rápido que, quando é
publicado, estamos destoados", disse.
As
projeções do governo para o PIB são tornadas públicas a cada dois meses nos
relatórios bimestrais de avaliação de receitas e despesas, mas os documentos
são publicados semanas depois de a projeção ser calculada pelos técnicos -o que
faz com que o número do governo seja diferente do previsto pelos
analistas.
O
último relatório, por exemplo, foi divulgado no fim de maio com uma estimativa de crescimento de 1,6%
para o PIB. Naquele momento, o mercado já calculava um número
menor -de 1,24%.
Perguntados sobre a diferença, técnicos do governo justificaram que o governo
havia fechado seu número semanas antes.
Por
isso, Sachsida diz que a equipe pretende divulgar as novas projeções tão logo
elas sejam calculadas.
"Nesse
caso específico de hoje em que o PIB está caindo, tira nossa credibilidade
(divulgar apenas no relatório). Eu quero transparência, não chegar no relatório
bimestral e alguém falar que estou escondendo o PIB", diz.
Segundo
ele, o PIB pode ser divulgado no dia seguinte ao do cálculo. "Por exemplo,
estimamos na segunda. Passa para o ministro e demais autoridades, e na terça a
gente divulga", diz. A pasta ainda checa com o Tribunal de Contas da União
(TCU) a possibilidade da alteração.
De
qualquer forma, a nova
queda na projeção do PIB vai diminuir a estimativa de
receitas federais e pode levar a um novo bloqueio orçamentário.
"Cada
anúncio do PIB é um desespero, porque bate no contingenciamento. Já estamos com
dificuldade para fechar o ano em alguns ministérios", afirma Sachsida.
Folhapress
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