A relação entre o presidente Bolsonaro e os governadores do Nordeste, incluindo Camilo Santana, se estremeceu na semana passada. (Foto: José Leomar) |
O governador Camilo Santana (PT) criticou,
nesta quarta-feira (31), sem fazer referência direta, as últimas polêmicas que envolveram
o presidente Jair Bolsonaro
(PSL). As falas e ações, segundo Camilo, "beiram a
insanidade e parecem buscar a banalização do absurdo". O governador
cearense fez um "apelo ao bom senso" em nome do País.
A
manifestação foi por meio de sua conta no Facebook e postada na manhã desta
quarta. Camilo sugeriu, ainda, que o embate "não é o que o Brasil precisa
neste momento".
"Chega
de se criar polêmicas e crises! Temos treze milhões de desempregados e
problemas graves que aflingem todos os estados. A situação é delicada e
preocupante", complementou o governador do Ceará, que se disse defensor da
democracia, do fortalecimento das instituições e da liberdade de imprensa.
"Nosso
país e nosso povo merecem muito mais", completou o gestor.
Polêmicas
do presidente
A sequência
de declarações de Jair
Bolsonaro nos últimos dias gerou preocupação até mesmo no
Palácio do Planalto, que convocou reunião de emergência pelo risco de que as
falas prejudiquem
a gestão.
Bolsonaro
fez provocações dando declarações desencontradas sobre a morte
do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa
Cruz, na ditadura militar, pôs em dúvida relato de indígenas acerca de ataque
de garimpeiros no Amapá e evita lamentar o massacre em Altamira, e questionou a
veracidade de documentos oficiais que apontam a morte de Fernando de Santa
Cruz, pai de Felipe, como vítima da ditadura.
"A
questão de 1964, não existem documentos se matou, não matou, isso aí é
balela", chegou a dizer o presidente.
O
presidente também falou que o jornalista americano Glenn Greenwald "talvez
pegue uma cana aqui no Brasil". Greenwald é editor do site The
Intercept Brasil, que tem publicado reportagens com base em diálogos vazados do
ministro Sergio Moro e de procuradores da Lava Jato.
Preocupação
no Planalto
De
acordo com o site Estadão, uma das razões da reunião do Planalto foi
justamente tentar entender o que está por trás do comportamento de Bolsonaro.
Integrantes admitem que têm sido pegos de surpresa pelas declarações
controversas do presidente.
Dois
diagnósticos foram feitos. O primeiro é que a equipe presidencial errou ao
deixar Bolsonaro muito exposto a jornalistas durante eventos nos últimos dias.
A intenção é reduzir parte das interações, limitando, assim, as oportunidades
de ele alimentar novas polêmicas.
A
segunda avaliação é de que integrantes da chamada ala ideológica têm conseguido
influenciar o presidente de forma mais assertiva. Não está claro para o grupo
quem são os mais "ativos" nessa empreitada, embora
"suspeitas" recaiam sobre aliados encarregados de sua comunicação digital,
área de influência de Carlos Bolsonaro. Diário do Nordeste
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