(Foto: Cariri das Antigas) |
Nas
memórias afetivas, uma infinidade de coisas são registradas. Desde os primeiros
arroubos de consciência que tive, as histórias dos meus tios em suas viagens
pela Serra do Exu e redondezas, e as paisagens dos lugares que passei, são as
mais relevantes lembranças que posso buscar. Acometido por muitas enfermidades,
fui desde cedo buscar tratamento na cidade de Barbalha, e um imóvel enorme,
branco e com palmeiras, sempre permeou meu imaginário.
Mais
de uma década depois, foi justamente nesse imóvel que dei início ao meu
aprendizado na pesquisa histórica e patrimonial. Ainda inexperiente, fiz uma
breve e amadora cobertura de uma das maiores riquezas arquitetônicas que temos
no Cariri, o Casarão de Zuca Sampaio, ou Casa de Mãe Yayá, como também é
conhecida. Essa experiência teve e tem relevante importância para mim, quer
seja pela confiança em mim depositada pelos proprietários, quer seja pela
representatividade do bem, de tal forma que sequer quis substituir as imagens
que fiz naquele ano de 2014.
História
do Imóvel
O
casarão foi edificado a mando de José de Sá Barreto Sampaio, o Zuca Sampaio, e
sua esposa, Maria Costa Sampaio, a partir de 1900, tendo sido inaugurado em 16
de Julho 1905. Sampaio era prospero comerciante daquela cidade, sendo sócio da
Sampaio & Irmãos, uma das mais relevantes firmas do Cariri naquele período,
detentora de portfólio variado e requintado, e ainda existente sob o nome de
Casa Sampaio. Também foi dono de terras, sendo necessário citar que foi no
campo que conseguiu se reerguer após o saqueamento de sua loja durante a Sedição
de 1914, evento que desmantelou suas finanças e o forçou a mudar-se para o
Pernambuco, talvez almejando também tranquilidade após os acontecimentos.
Dono
de 12 janelões na fachada principal, mais porta de entrada, todos em perfeita
fenestração, o imóvel possui requinte suficiente para impressionar até o mais
critico dos patrimonialistas. Os lambrequins cobrem toda a frente e laterais do
telhado, e um cômodo elevado nos dá dimensão da grandeza do remanescente, que
abriga a família Sampaio até os dias atuais. Dentre os filhos e filhas de Zuca
Sampaio e Mãe Yayá, destaco Leão e Pio Sampaio, médicos de grande renome, tendo
o primeiro feito carreira também na política, deixando influências em seu
filho, Mauro Sampaio, que foi deputado e prefeito de Juazeiro do Norte.
Alacoque Sampaio, também filha do casal, foi responsável por compor o hino de
Barbalha; encerro aqui as citações, pois foram muitos os descendentes e suas
realizações.
Zuca
Sampaio morreu em 04 de Maio de 1940, e sua esposa acolheu o sono eterno ao dia
19 de Março de 1959 (há a indicação de que tenha sido em 29 de Março de 1959,
mas no Diário de Pernambuco a notícia foi veiculada em 19 de Março de 1959),
deixando um extenso legado na região, a destacar o Gabinete de Leitura de
Barbalha e a Igreja do Rosário, realizações que tiveram influência direta da
família, fora outras contribuições. Fonte:
Cariri das Antigas
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